Os riscos do uso não clínico de esteróides anabolizantes

Resumo

A necessidade de se ter um corpo ideal ou um desempenho físico melhorado de forma rápida e prática leva o praticante de musculação ou atleta a usar algum tipo de esteróide anabolizante (EA). A maioria dos usuários, principalmente os iniciantes, sabe que corre algum risco ao usar um EA, apesar de não saberem especificamente qual o risco. O que assusta é a atitude de achar que “vale à pena” correr o risco. Os esteróides anabolizantes oferecem riscos graves a saúde física e comportamental. As alterações fisiológicas causadas pelos EA vão de cefaléia leve a tumores graves, além de transtornos psíquicos irreversíveis.

Palavra-chave: Esteróides anabolizantes (EA), testosterona, efeitos androgênicos, efeitos anabólicos, alterações comportamentais, alterações fisiológicas.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA1: Formação da testosterona a partir do colesterol 09
FIGURA2: Formula molecular da Testosterona 10
FIGURA3: Derivados sintéticos da testosterona; locais onde a molécula sofre alquilação ou esterificação 12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 06
2 OBJETIVO GERAL 07
2.1 Objetivos específicos 07
3 METODOLOGIA 08
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 09
4.1 Testosterona 09
4.1.1 Efeitos fisiológicos 10
4.1.1.1 Efeitos anabólicos da testosterona e derivados 10
4.1.1.2 Efeitos androgênicos da testosterona e derivados 11
4.2 Uso clínico de Esteróides Anabolizantes 11
4.3 Esteróides anabolizantes 12
4.4 Reações Adversas dos EA Sintéticos 13
4.4.1 Alterações comportamentais 13
4.4.2 Alterações fisiológicas 14
4.5 Origem do uso não clínico dos EA 15
4.6 Epidemiologia do uso de EA Sintéticos 16
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 17
6 CONCLUSÃO 20
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 21
8 APÊNDICES 24

1 INTRODUÇÃO

A busca pelo corpo ideal está evidente na sociedade atual, a qual faz do corpo um objeto de possível modelagem. Diversas são as formas de se modelar, reparar, aumentar ou diminuir proporções, modificando-se a estética natural. Dentre os meios de se modelar está o uso de esteróides anabolizantes (EA), que podem ser considerados uma via de "efeito rápido”.9

Os EA são hormônios sintéticos derivados da testosterona e são conhecidos como “bomba” no meio de freqüentadores de academias e fisiculturistas. A testosterona é o hormônio responsável pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias associados à masculinidade. Os EA apresentam formas farmacêuticas de comprimidos e injetáveis. 4,9,11

Os usuários de EA buscam pelos seus efeitos anabólicos, isto é, o efeito que aumenta a massa muscular e proporciona força física. Porem o uso não clínico de EA, pode acarretar alterações fisiológicas reversíveis e irreversíveis e alterações psíquicas e comportamentais.4,9,11

Clinicamente os EA são utilizados no tratamento de disfunções das glândulas que o produzem e na melhora da sobrevida de pacientes com doenças graves, doenças que afetam a parte física do individuo como cânceres.4

O presente estudo, por meio de revisão de literatura, descreve o efeito anabólico e androgênico que os EA proporcionam ao usuário, enfatizando os riscos que estes estão expostos ao utilizarem estes hormônios sem necessidade clínica.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Descrever os efeitos dos esteróides anabolizantes com ênfase em seu uso abusivo.

2.2 Objetivos específicos

 Pesquisar a farmacologia geral dos esteróides anabolizantes;

 Levantar, por meio de estudos publicados em periódicos, o principal motivo que leva a uma pessoa a usar esteróides anabolizantes;

 Estudar os efeitos do uso inadequado dos esteróides anabolizantes,

 Elaborar um material informativo para esclarecer as pessoas sobre os riscos do uso dos esteróides anabolizantes.

3 METODOLOGIA

O presente estudo aborda o problema do uso abusivo de esteróides anabolizantes utilizando-se de revisão da literatura.

Para o levantamento dos artigos foi feita uma pesquisa nos bancos de dados Scielo e Bireme, utilizando as palavras chave:

• Esteróides anabolizantes;

• Anabolizantes;

• Uso abusivo de anabolizantes,

• Exercício e anabolizante.

• Anabolic steroids;

Para a pesquisa Farmacológica foram utilizados livros de Farmacologia básica e clinica e a USP-DI.

O material informativo foi elaborado com o objetivo de apresentar uma breve introdução do que são esteróides anabolizantes e dar ênfase em suas possíveis reações adversas.

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Testosterona

A testosterona é o principal esteróide circulante no homem. É sintetizada a partir da molécula de colesterol e secretado pelas células de Leydig no testículo e pelo córtex da glândula supra-renal, respondendo ao estimulo do hormônio luteinizante hipofisário (LH) (fig1). O hormônio e seus derivados ativos são promotores e mantedores das características sexuais masculinas e condição anabólica dos tecidos (fig3).1,2

A testosterona apresenta efeitos em diversos locais no organismo. Os efeitos são promovidos pela própria testosterona ou mesmo pelos seus metabólitos. A metabolização da testosterona pode gerar esteróides ativos como di-hidrotestosterona (DHT) e o estradiol (FIG.1). A testosterona é convertida irreversivelmente em DHT pela enzima 5α-redutase, também é convertida em estradiol pelo complexo enzimático aromatase presente no tecido adiposo e fígado. Esta conversão da testosterona em estradiol corresponde a 85% do estradiol circulante nos homens.6

Figura 1: Formação da testosterona a partir do colesterol

Fonte: http://www.scielo.br/img/fbpe/abc/v79n6/13768f1.gif

A testosterona (FIG. 2) é metabolizada pelo fígado resultando em quatro metabólitos. Sendo que destes quatro, dois são ativos e dois inativos. Os metabólitos ativos são a diidrotestosterona e o estradiol e a androsterona e etiocolanolona são metabólitos inativos.1

Figura 2: Fórmula molecular da Testosterona

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Testosterone_structure.png

4.1.1 Efeitos Fisiológicos

Na sua forma livre circulante, a testosterona difunde-se diretamente pela membrana plasmática de células alvo, ligando-se a receptores protéicos intracelulares. Quando o ativo atravessa a membrana gera-se AMPc (Adenosina monofosfato cíclico), que já aumenta o metabolismo celular. No citoplasma o EA ligada ao receptor androgênico especifico vai para o núcleo celular, onde o processo de transcrição gênica inicia-se e conseqüentemente a transdução protéica.3

4.1.1.1 Efeitos anabólicos da testosterona e derivados

O efeito anabólico é o que os usuários esperam quando usam um EA. O efeito anabólico proporciona aumento da massa muscular esquelética pela hipertrofia das fibras musculares, devido ao aumento da síntese protéica intracelular, causada pelo balanço nitrogenado positivo, aumento da fixação de nitrogênio. Os efeitos anabólicos também estimulam a eritropoese facilitando a fixação do oxigênio na hemoglobina que é presente nas hemácias, pelo aumento na síntese de 2,3-difosfoglicerato (responsável pela fixação de O2 na hemoglobina).4

4.1.1.2 Efeitos androgênicos da testosterona e derivados

Os efeitos androgênicos dos esteróides anabolizantes são responsáveis pelas características sexuais masculinas como maturação dos órgãos reprodutores, crescimento de pêlos pelo corpo, mudança de voz, aumento da atividade de glândulas sebáceas e principalmente mudanças psicológicas e comportamentais.2,4

4.2 Uso clínico de Esteróides Anabolizantes

EA são usados em deficiências androgênicas como o hipogonadismo, puberdade e crescimento atrasados, retardo no crescimento do pênis em neonatais, no tratamento da osteoporose, anemia causado por falha na medula óssea ou nos rins, câncer de mama quando avançado e até mesmo em situações de obesidade. Um recente tratamento de sarcopenia com EA tem sido efetuado nos Estados Unidos da America.7

Os EA também são utilizados no tratamento de pessoas com câncer e AIDS em estágios avançados (condições crônica e desgastante), devido seu efeito anabólico.7

Em questão de eficiência anabólica, a testosterona não é muito eficiente, quando ingerida ou mesmo injetada, pois a mesma é metabolizada rapidamente. Para se obter efeitos prolongados da testosterona, modificou-se sua estrutura química (FIG. 3). A molécula de testosterona foi alquilada na posição C17 (formando esteróides orais de catabolismo retardado) e esterificação na posição C17 (formando esteróides anabolizantes injetáveis mais lipofílicos).1,2,4,6

Figura 3: Derivados sintéticos da testosterona; locais onde a molécula sofre alquilação ou esterificação.

Fonte: http://img49.imageshack.us/img49/808/figure38ie.gif

4.3 Esteróides anabolizantes

Esteróides anabolizantes são produtos naturais ou sintéticos, que visam apresentar o efeito anabólico da testosterona, os mesmos são promotores e mantedores de características associada a masculinidade. São derivados sintéticos da testosterona. Toda esteróide anabolizante apresenta efeito anabólico e androgênico.4,5

Os esteróides anabolizantes de ultima geração visam acabar com efeitos andrógenos, mas por enquanto os “novos” conseguem apenas diminuir tais efeitos. 4,5

Os principais esteróides anabolizantes usados no Brasil são a testosterona, nas formas de isocaproato de testosterona e cipionato de testosterona, e a nandrolona, nas formas de decanoato de nandrolona e fenpropionato de nandrolona.7,9,11

4.4 Reações Adversas dos EA Sintéticos

Igualmente aos efeitos anabólicos e androgênicos, as reações adversas (RAM) são diretamente proporcionais e dependentes da concentração, freqüência e duração.8,12

São muitas as RAM dos esteróides anabolizantes. Os efeitos do uso são classificados em imediatos ou agudos e efeitos retardados ou de longo prazo, que são os mais nocivos a saúde. As RAM são classificadas também em comportamentais e fisiológicos.7

4.4.1 Alterações comportamentais

Os EA são agentes causadores de síndromes comportamentais de risco. Levam a irritabilidade, hostilidade e a atos de agressividade como brigas e crimes de vandalismo. Sintomas cognitivos são comuns como distração, esquecimento e confusão mental.7,9,10

Os efeitos psicológicos são separados em três grupos. No primeiro grupo, são descritos os efeitos imediatos (primeiras doses), como euforia, autoconfiança, auto-estima e entusiasmo elevados, aumento de energia física e mental, e principalmente diminuição da fadiga, sono e dor.9

No segundo grupo são descritos os efeitos dos EA após altas doses por longo período. Os usuários apresentam perda da inibição e alteração no humor: irritabilidade, hostilidade e raiva excessiva.9

O terceiro grupo descreve os efeitos graves, eles acontecem quando esses sentimentos de agressividade se manifestam em atos de violência e ataques de fúria, que podem gerar abusos físicos e levar ao suicídio.9

4.4.2 Alterações fisiológicas

A maioria dos efeitos considerados adversos provenientes do uso de EA são os efeitos causados por sua ação androgênica. Quando se usa o EA para uso não clínico, tem-se a intenção de obter efeitos anabólicos.8,12

O uso contínuo de EA causa alterações físicas como aumento da massa óssea, principalmente os ossos da face, os ossos se tornam mais densos (largos), sem alteração de comprimento, tornando a face do usuário com aparência “quadrada”.11

Os EA elevam a pressão arterial, aumentam os níveis de LDL ao mesmo tempo em que abaixam os níveis de HDL, causando a longo prazo, doenças cardiovasculares. 3,5,9,10,11

Níveis elevados de EA podem levar ao metabólico DHT (di-hidrotestosterona) responsável pela calvice precoce e pode acelerar o aparecimento ou mesmo causar o câncer de próstata.9

Os EA estimulam as glândulas sebáceas, provocando problemas relacionados a acne.9,10,11

“Um jovem alemão sentiu literalmente na pele o preço do uso de anabolizantes para aumentar músculos. As drogas (250 mg de enantato de testosterona e 30 mg metandienona, duas vezes por semana) induziram o surgimento de uma forma severa de acne, que criou feridas profundas, com abcessos e pústulas, em seu peitoral e nas suas costas. O rapaz de 21 anos também apresentava febre, encolhimento de testículos e redução na concentração de espermatozóides. Todos os sintomas desapareceram com a interrupção do uso dos esteróides e com a ajuda de antibióticos. As cicatrizes, no entanto, vão ficar para sempre.”15

O uso abusivo de EA leva a um quadro de hepatoxicidade e pode causar câncer hepático. Os derivados mais nocivos ao fígado são os 17-alfa-alquilados presente nos anabólicos orais, os mesmos evitam a destruição do hormônio pelo sistema digestivo.9,12

Os anabolizantes podem modificar os níveis dos hormônios sexuais masculinos pela diminuição dos hormônios folicular (FSH) e luteinizante (LH) e por meio de seus vários efeitos sobre a testosterona e estrógeno. Os homens podem desenvolver a ginecomastia em decorrência dos altos níveis de estrogênio circulante, proveniente da conversão de testosterona em estrogênio pela enzima aromatase.5,9,12

A disfunção erétil está relacionada ao uso abusivo e em longo prazo. Com o fornecimento de grande quantidade de hormônio masculino testosterona ou derivados sintéticos, os testículos atrofiam e diminuem a produção fisiológica, comprometendo também a espermatogênese e prejudicando a fertilidade do homem.5,9,10,12

Em mulheres acontecem alterações do tipo de masculinização como, aumento no crescimento de pêlos pelo corpo, atrofia das mamas, a voz fica mais grave e há aumento do tamanho do clitóris, diminuição da libido além de alterações no ciclo mestrual.5,9,12

O uso de EA por adolescentes pode causar a maturação esquelética de forma precoce. Esta maturação precoce, interfere no crescimento normal do individuo, levando o mesmo a ter uma menor estatura. Tal uso também antecipa a puberdade, conseqüentemente a um crescimento raquítico, acne exagerada, calvície precoce, e alterações no sono.5,12

4.5 Origem do uso não clínico dos EA

O uso de EA sintéticos teve inicio na década de 50, os primeiros usuários foram os levantadores de peso e os fisiculturistas. Começaram a usá-los para conseguir um aumento de massa muscular e peso corpóreo.13

Porém, a partir de 1976, nas olimpíadas de Montreal, por razões éticas e devido a inúmeros efeitos nocivos, os EA foram proibidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Em seguida essa prática foi inibida no meio dos atletas profissionais.13

No Brasil o uso de EA são considerados ilegais em competições esportistas desde de 10 de julho de 1985, seguindo Portaria 531 do MEC,que por sua vez segue as diretrizes da legislação internacional.5

4.6 Epidemiologia do uso de EA Sintéticos

Nos Estados Unidos cerca de três milhões de homens e mulheres utilizam os EA para melhora de performance física. 67% dos atletas de elite fazem uso dessas drogas, já o uso anabolizantes pelos atletas amadores está entre 1 e 5% da população, entre alunos do segundo grau, está entre 0,5% a 3% em garotas com idade entre 15 e 19 anos e 1 a 12% em homens com idade entre 15 e 19 anos.6

No Brasil, em um estudo realizado com praticantes de musculação de Porto Alegre mostrou uma prevalência de 11,1% de usuários de EA.6

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para fundamentar a discussão sobre este tema, extraíram-se frases de freqüentadores de academias de um estudo realizado em Acaraju/SE no ano de 2006 9, de fisiculturistas de um estudo realizado em um bairro popular de Salvador/BA no ano de 2002 11 e notícias relacionadas a danos causados em usuários pelo uso de EA.

Vivemos em uma sociedade, na qual a aparência física é muito valorizada. Sociedade em que o corpo passou a ser um objeto e se tornou em algo modelável por de cirurgias pode-se reduzir a barriga, esticar a pele, levantar o nariz, aumentar os seios e as nádegas, e nesta corrente está o uso de EA, os quais proporcionam um aumento da massa muscular de forma rápida. 9

“Algo pra gente ficar forte... os músculos...crescer e engordar rápido”
(Amaro, 21 anos)9

Os usuários de EA geralmente sabem que estão correndo algum tipo de risco quando fazem uso desta classe de drogas, porem a maioria, não sabe quais efeitos adversos que podem ocorrer .Em um estudo realizado em 2005, foi aplicado um questionário em seis academias localizadas em Acaraju/Sergipe, os resultados mostraram que apenas 9% acreditavam que os EA não traziam malefícios a saúde. Outros 91% dos entrevistados indicavam algum malefício ao usuário.9,11

“Todo mundo que começa a tomar esses negócios sabe que corre o risco de não dar certo né, de parar em um hospital, alguma coisa assim. Mas a gente acaba arriscando e tomando”
(fisiculturista 22 anos).11

Em busca do corpo perfeito, indivíduos, principalmente jovens do sexo masculino, se submetem ao uso de EA sem se preocupar com os efeitos adversos já citados, ou mesmo, acham que “vale a pena” correr tal risco, em prol de um crescimento muscular rápido e satisfatório.9,11,12

P: “Qual o risco que você acha que corre?”

R: “O risco que corre é da gente ter um abscesso Tem um colega que teve um abscesso, teve que abrir o braço pra tirar, teve um colega que perdeu a perna tomando injeção localizada na perna. Esses riscos todo a gente sabe que pode acontecer com um da gente.

P: E como é que vocês lidam com esse risco?

R: É aquele tipo, aventura Você pensa: ‘Ah, vou aventurar. Comigo não acontece’. Aí você vê que todo mundo pensa assim”
(fisiculturista, 22 anos).11

O grande problema do uso dos EA é o tempo, freqüência e concentração utilizada. O efeito de uma utilização isolada, em doses para humanos da droga possivelmente não causará malefício grave algum; porém a utilização de EA causa uma dependência psicológica, pois após a interrupção do uso, diminuirá o efeito atingido (massa muscular), o que leva o individuo a usar EA novamente, afim de manter o resultado atingido e aperfeiçoá-lo.11,12,14

“Tem cerca de cinco usuários lá que todos os dias, o dinheiro que pegam é para comprar. Me lembra muito aquele cara fissurado em cocaína que pega qualquer dinheiro e vai comprar um papel seja de que qualidade for. É quase a mesma coisa (...) usam todo dia e ficam naquela fissura, pedem logo a seringa: ‘Vamos logo,vamos logo. Me dê logo aí que eu tomo essa pancada’ (gíria usada para se referir à injeção de drogas)”
(Agente comunitário do CETAD, notas de campo).11

Tanto sabem do efeito maléfico das drogas que usam, que os mesmos “criam” soluções para diminuir os efeitos adversos dos EA. As soluções encontradas são na verdade inúteis, porém o individuo acredita e se diz estar pronto para outra dose de EA.11

“Eles tomam limonada Bezerra, Purgoleite São medicamentos que eu acho que existem prá lavar o organismo, o intestino. Eles acham que tá tirando a sujeira”
(Agente comunitário do CETAD).
P: “Que influência isso tem depois, no uso do anabolizante?”
R: “Eles acham que tão aptos a usar mais, que limpou, lavou tudo, e aí começa a fazer novamente o uso. (...) Isso quer dizer que o corpo tá preparado pra receber...vai fazer mal, mas ele vai resistir”.
P: “O corpo fica mais forte, então?”
R: “Exatamente. Ficou com menos sujeira”
(Agente comunitário do CETAD).11

Além de vários indivíduos, principalmente os da classe econômica menos favorecida, usarem EA veterinários. Esses indivíduos usam tais drogas sem nenhum critério e geralmente em doses “cavalares” o que favorece a manifestação de efeitos adversos graves.11

“Os exames os médicos detectaram um foco de infecção iniciado no braço esquerdo já evoluindo para um quadro de septicemia [infecção generalizada]. Descobriram, também, insuficiência renal... fazia academia há um ano, e nos últimos quatro meses começaram a desconfiar, que Julieber usava anabolizante... Segundo os parentes, ele fazia uso de injeções do medicamento Ivomec, um antiparasitário para bois... ele foi vítima do uso de anabolizantes que comprava pela Internet, escondido da família... de acordo com a matéria o mesmo faleceu aos 26 anos.
O nome do jovem era Julieber Costa Santos.15

Como pode-se perceber acima nos textos extraídos dos estudos, maioria dos usuários de EA são jovens do sexo masculino.Jovens começam a utilizar EA em uma idade de formação corporal, logo o uso destas drogas influenciam no desenvolvimento normal do indivíduo. O uso de EA na adolescência é muito prejudicial pois as mesmas inibem as glândulas responsáveis pela produção endógena de testosterona quando o corpo esta em pleno desenvolvimento, com isto os jovens apresentarão estatura menor do que a natural, calvice precoce e principalmente transtornos psicológicos como agressividade e nervosismo.

Foi elaborado um material informativo, onde descrevem o que são EA seus efeitos fisiológicos com ênfase em suas RAM (APÊNDICE 1). O material informativo vai ser anexado, com autorização previa dos responsáveis, nos quadros de avisos das duas academias localizadas no bairro Vale do Jatobá (academias Fitness e Fit-Full ). O intuito desta publicação é melhor informar os freqüentadores de academia, principalmente os jovens e adolescentes, sobre os riscos que correm ao utilizar qualquer EA.

6 CONCLUSÃO

O ato de usar EA indica uma forma fácil e rápida para se conseguir uma forma física aparentemente melhor. Em academias, onde na maioria dos freqüentadores não são atletas, a justificativa baseia-se em estética, ou seja, em obter uma musculatura maior, “mais inchada”.

Em busca de um corpo “ideal”, muitos indivíduos, principalmente adolescentes e jovens, estão iniciando o uso de EA. A utilização destes hormônios precipita várias RAM logo, quanto mais precoce o uso, mais rápido o desenvolvimento das RAM.

A maioria dos usuários sabe que ao usar algum tipo de EA estão correndo algum tipo de risco, porém não sabem dimensionar este risco. E é neste fato que pode atuar o profissional de saúde: explicando sobre os efeitos clínicos dos esteróides EA e os riscos que correm os indivíduos, ao utilizarem tais produtos sem a necessidade clínica e principalmente de origem desconhecida.

Ao analisar os efeitos dos EA e todos os riscos possíveis e seus supostos efeitos benéficos, pode-se concluir que o uso não clínico, ou seja, o uso sem necessidade, não “vale à pena”.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. GOODMAN and Gilman's the pharmacological basis of therapeutics. 10.ed. New York: McGraw-Hill, 2001. 2148 p. ISBN 00711354697

2. Esteban Gorostiaga Ayestarán. Efectos de la utilización de esteróides anabolizantes androgênicos sobre la aptitud física y La Salud acessado dia 03 Set 2008 e disponível em: aluddeportelimpio.fundacionmiguelindurain.com/recursos/docs/ceimd/Anabolizantes_marca_y_saludr.pdf 

3. Fernando Lima Rocha, Fernanda Roberta Rocha, Edilamar Menezes de Oliveira. MUNDO DA SAÚDE São Paulo: 2007: out/dez: Esteróides anabolizantes: mecanismos de ação e efeitos sobre o sistema cardiovascular Acessado dia 02 Ago 2008 e disponivel em: http://www.pdf-search-engine.com/anabolizantes-pdf.html

4. Nabiha Haddad Simões Machado ; Maria do Socorro; Naiane Marinho; Nayara Vieira Pinheiro; Paulo Roberto R. da Silva ; Rafael Farias de Melo; Rogério Lima Lacerda; Rubens Vieira Guimarães & Veruza de L. Leme. Esteróides anabolizantes: Efeitos anabólicos e andrógenos, acessado dia 02 Set 2008 disponível em: www.saudeemmovimento.com.br/revista/artigos/cienciasfarmaceuticas/v1n1a5.pdf

5. Elaine S. Souza ; Mauro Fisberg. O USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES NA ADOLESCÊNCIA acessado dia: 03 Set 2008 e disponível em: ww.brazilpednews.org.br/mar2002/bnp3302.pdf

6. FORTUNATO, Rodrigo S.; ROSENTHAL, Doris; CARVALHO, Denise P. de. Abuso de esteróides anabolizantes e seu impacto sobre a função tireóidea. Arq Bras Endocrinol Metab , São Paulo, v. 51, n. 9, 2007 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302007000900003&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 28 Ago 2008. doi: 10.1590/S0004-27302007000900003

7. SILVA, Paulo Rodrigo Pedroso da; DANIELSKI, Ricardo; CZEPIELEWSKI, Mauro Antônio. Esteróides anabolizantes no esporte. Rev Bras Med Esporte , Niterói, v. 8, n. 6, 2002 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922002000600005&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 28 Ago 2008. doi: 10.1590/S1517-86922002000600005

8. UNITED States pharmacopeial dispensing information: USP DI. 27th ed. Massachusetts: Micromedex, 2007. 3v. ISBN 1563635747 (v.1)

9. SANTOS, André Faro et al . Anabolizantes: conceitos segundo praticantes de musculação em Aracaju (SE). Psicol. estud. , Maringá, v. 11, n. 2, 2006 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722006000200016&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 28 Ago 2008. doi: 10.1590/S1413-73722006000200016

10. RIBEIRO, Paulo César Pinho. O uso indevido de substâncias: esteróides anabolizantes e energéticos. Adolesc. Latinoam. [online]. mar. 2001, vol.2, no.2 [citado 02 Octubre 2008], p.97-101. Disponible en la World Wide Web: http://ral-adolec.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-71302001000200006&lng=es&nrm=iso . ISSN 1414-7130.

11. RIART, Jorge Alberto Bernstein; ANDRADE, Tarcísio Matos de. Musculação, uso de esteróides anabolizantes e percepção de risco entre jovens fisiculturistas de um bairro popular de Salvador, Bahia, Brasil. Cad. Saúde Pública , Rio de Janeiro, v. 18, n. 5, 2002 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2002000500031&lng=&nrm=iso . Acesso em: 02 2008. doi: 10.1590/S0102-311X2002000500031.

12. González Aramendi e José Manuel. Uso y abuso de esteróides anabolizantes acessado dia 05/09/2008 disponível em: http://www.euskomedia.org/PDFAnlt/osasunaz/08/08185197.pdf

13. MARQUES, Marlice Aparecida Sipoli; PEREIRA, Henrique Marcelo Gualberto; AQUINO NETO, Francisco Radler de. Controle de dopagem de anabolizantes: o perfil esteroidal e suas regulações. Rev Bras Med Esporte , Niterói, v. 9, n. 1, 2003 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922003000100004&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 28 Ago 2008. doi: 10.1590/S1517-86922003000100004

14. Sonia Martínez-Sanchís, Alicia Salvador López, María Teresa Arnedo. Dependencia de los esteroides anabolizantes-androgenizantes y mecanismos subyacente, Psicothema, ISSN 0214-9915, Vol. 11, Nº. 3, 1999, páginas 531-544, disponível em: http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2012473&info=completo, acessado em: 04/09/2008.

15. Uso de anabolizante faz pele de jovem alemão 'explodir' acessado dia 20/08/2008: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL736032-5603,00-USO+DE+ANABOLIZANTE+FAZ+PELE+DE+JOVEM+ALEMAO+EXPLODIR.html.

8- Apêndices

Material informativo sobre EA


Publicado por: Everton Ferreira Dal Col

icone de alerta

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.