A Guerra do Golfo

O litígio sobre a determinação de fronteiras é a causa mais remota para a invasão iraquiana do Kuweit em agosto de 1990. Embora tivesse renunciado, em 1963, a reivindicações dessa natureza, o Iraque continua reclamando os portos de Bubián e Uarba, que lhe dariam novos acessos ao golfo Pérsico. Além disso, exige que o Kuweit perdoe uma dívida de US$ 10 bilhões contraída durante a guerra com o Irã e lhe pague uma "compensação" de US$ 2,4 bilhões, alegando que, durante aquele conflito, os kuweitianos extraíram petróleo em seus campos fronteiriços de Rumaila. O estopim para a invasão é, em julho, a acusação de Saddam Hussein de que o Kuweit pratica uma política de superextração de petróleo, para fazer o preço do produto cair no mercado internacional e, conseqüentemente, prejudicar a economia iraquiana.

A invasão - As tentativas de mediação da Arábia Saudita, do Egito e da Liga Árabe não conseguem impedir que, em 2/8/1990, as forças de Bagdá entrem no Kuweit, de onde o emir Jaber al-Ahmed al-Sabah e o 1º-ministro, príncipe Saad al-Sabah, fogem, refugiando-se na Arábia Saudita. Em 8/8, desafiando a imposição de sanções pela ONU, o Governo Provisório do Kuweit Livre, empossado por Saddam, proclama a República e declara o Kuweit uma província iraquiana. Em resposta, os EUA deslocam para o território da Arábia Saudita o maior efetivo militar desde a Guerra do Vietnã . Até o final de 1990, multiplicam-se as tentativas sem sucesso de encontrar uma solução negociada. Em 29/11, o Conselho de Segurança da ONU autoriza os EUA e seus aliados a atacarem o Iraque, caso ele não se retire do Kuweit até 15/1/1991.

O conflito - Em 16/1, vencido o prazo desse ultimato, as hostilidades começam; Saddam Hussein capitula incondicionalmente em 27/2, após ordenar a retirada de suas tropas do país ocupado. O 1º-ministro Saad al-Sabah retorna em 4/3 e dá início à tarefa de reconstrução. A opinião pública internacional critica a forma como a guerra foi conduzida, contestando a imagem dos "ataques de precisão cirúrgica", atingindo apenas alvos militares, que a coalizão aliada quer fazer passar: quatrocentos civis morreram, por exemplo, no bombardeio, em 3/2, de um abrigo antiaéreo em Bagdá, sob o pretexto de se tratar de um centro de comunicações. No final da guerra, a estimativa do número de mortos é muito desigual: 100 mil soldados e 6 mil civis iraquianos; e 30 mil cidadãos kuweitianos, contra um número pequeno de baixas entre os homens da coalizão.

O pós-guerra - Os incêndios ateados pelos iraquianos nos poços de petróleo do Kuweit, antes da retirada, são extintos até 5/11/1991, graças ao trabalho articulado de 27 empresas internacionais. Os danos causados à ecologia são ainda difíceis de calcular. Nos meses seguintes ao fim da guerra, Saddam ordena a repressão às rebeliões dos xiitas e curdos, que, aproveitando-se da desordem interna causada pela guerra, tentam derrubá-lo. Na metade do ano, 500 mil curdos, fugindo à perseguição, ficam ao desabrigo na região montanhosa da fronteira com a Turquia, onde estão expostos aos bombardeios da aviação iraquiana. A resistência de Bagdá à exigência da ONU de que sejam desmantelados seus arsenais de armas de destruição maciça, e a permitir que missões da AIEA inspecionem suas instalações nucleares, cria novos atritos com o Ocidente, renovando-se, até o fim do ano, a ameaça americana de uma nova intervenção caso as condições de rendição não sejam obedecidas.

Conseqüências - O Kuweit perde US$ 8,5 bilhões com a quebra na produção de petróleo, sem contar os danos estruturais e sociais causados por pilhagens, sabotagens e arbitrariedades contra a população. Além da dívida de US$ 22 bilhões gerada pela guerra, a reconstrução é estimada em US$ 30 bilhões; e o emir é também forçado pela população a fazer concessões no plano político.

OLP - Tendo apoiado o Iraque, sai também derrotada: os países do golfo cortam a ajuda aos palestinos dos territórios ocupados por Israel; e os que habitam no Kuweit são duramente reprimidos pelo governo do emir.

Irã - Mantendo-se neutro, respeita o bloqueio da ONU e é duplamente beneficiado: o Iraque retira os últimos soldados que tinha em seu território, aceita o tratado de 1975 de partilha das águas do Chatt-el-Arab e liberta 37 mil prisioneiros de guerra iranianos; e o seu comércio com a Europa e o Japão aumenta em 50%. E, pela primeira vez desde 1987, os EUA permitem que companhias americanas comprem seu petróleo.

A reação popular à política moderada de Rafsandjani é claramente expressa nas urnas, nas eleições legislativas de 10/4/1992: o grupo Ruhaniyat (União Clerical Combatente), do presidente, que prega reformas graduais rumo à economia de mercado, derrota o Ruhaniyum (Sociedade Clerical Combatente), do presidente do Majlis (Parlamento), Mehdi Karrubi, favorável ao isolamento antiocidental e ao rígido controle estatal da economia. Apesar das "advertências" que Rafsandjani recebe, em agosto, do aiatolá Khamenei, quanto ao risco de se afastar dos "caminhos da revolução islâmica", isso não impede que alguns passos importantes sejam dados no sentido da abertura econômica para o exterior (assinatura de joint-ventures com empresários da Alemanha, Japão, França e Itália).

Síria - O presidente Hafez Assad, durante anos considerado um terrorista pelo Ocidente, transforma-se num aliado e, tendo colaborado para derrotar o rival que disputava com ele a liderança no Oriente Médio, consolida a hegemonia síria no Líbano; e torna-se um interlocutor obrigatório no processo de paz para a região.

Israel - A atitude de não responder aos ataques iraquianos permite a unidade da coalizão, pois os aliados árabes dos EUA não se vêem forçados a reagir a um eventual ataque judeu a um país irmão. Terminada a guerra, porém, o governo Shamir é pressionado pelos EUA para aceitar negociações sobre a crise do Oriente Médio. As conversações iniciadas em Madri, em 30/10/1991, não trazem nenhum resultado imediato, mas constituem a primeira conferência de paz desde o início do conflito árabe-israelense. O desenvolvimento dessas conversações é tortuoso e sujeito a idas e vindas, em função de problemas como a Intifada (a rebelião palestina nos territórios ocupados) ou os ataques israelenses no sul do Líbano - principalmente depois que, em 16/2/1992, o bombardeio a um comboio xiita mata o xeque Abbas Mussáui, líder do grupo extremista Hezbolá.

Os conflitos, dentro do Likud, em torno dessas negociações, são os responsáveis pela crise aberta, em janeiro de 1992, com a saída dos partidos ultranacionalistas Tehiya e Moledet da coalizão. As eleições são antecipadas e, em 23/6, o Partido Trabalhista é vitorioso, pondo fim a quinze anos de domínio do Likud. Itzhak Rabin assume, em julho, o cargo de 1º-ministro.

Curdistão - Desde o séc. XIV, esse povo de origem indo-européia - espalhado entre as fronteiras do Irã, Iraque e Turquia, e oprimido pelos governos desses três países - vem lutando por sua independência, recusada pelo fato de estarem em uma região muito rica em petróleo. No final da Guerra do Golfo, Bagdá responde com violência a uma nova tentativa de emancipação, forçando 1,5 milhão de pessoas a fugirem, pelas montanhas, durante o inverno, para o lado turco e iraniano da fronteira.

Só depois que 15 mil soldados ocidentais são enviados, no fim de 1991, para criar uma zona de segurança, é que elas podem retornar a seu local de origem. Garantidos pela presença dessas tropas, o Partido dos Trabalhadores Curdos, de Jalal Talebani, e o Partido Democrático do Curdistão, de Massud Barzani, decidem realizar, em 19/5/1992, em Irbil, eleições para um Parlamento curdo, que são veementemente condenadas por Bagdá, Ancara e Teerã. Saddam Hussein declara nulo esse pleito, mas recebe dos EUA a advertência de não interferir. Tendo tido resultados equivalentes, os dois líderes são obrigados a entrar em coalizão. Mas o novo Parlamento, inaugurado em 4/6, enfrenta de saída vários problemas: Talebani é favorável a negociar com o Iraque uma fórmula de autonomia regional; Barzani é um separatista radical; e ambos estão em choque com os fundamentalistas xiitas que, vinculados ao regime iraniano, são contrários à independência total.

UNIFICAÇÃO DA EUROPA

A conferência dos chefes de Estado dos doze países da Comunidade Econômica Européia, em 9 e 10/12/1991, na cidade holandesa de Maastricht, visa a formalizar decisões de outras reuniões realizadas durante os seis anos anteriores, com o objetivo de fazer desaparecer as fronteiras entre a maioria dos países europeus. Resolve-se adotar, até 1º/1/1999, como moeda única, o ECU (European Currency Unity - Unidade Monetária Européia). Cria-se um Instituto Monetário Europeu, primeiro passo para um Banco Central da CEE; e um Fundo de Ajuda aos países mais pobres da comunidade. Assume-se também o compromisso de implementar uma Carta dos Direitos dos Trabalhadores, unificando as legislações.

Divergências - A resistência britânica impede que o Tratado de Maastricht fixe para a comunidade o objetivo de constituir-se, com o tempo, em um só país. Os ingleses também aceitam com reservas a nova moeda e exigem o direito de não se submeter, no campo trabalhista, às imposições da Carta de Direitos.

Outro ponto de dissensão é a questão da Defesa, não havendo concordância sobre as propostas de integração.
"Fronteira externa" - O Acordo de Schengen, assinado nessa cidade holandesa, tenta fixar garantias para que, depois da supressão das fronteiras, a Europa unificada não se torne o alvo de refugiados e imigrantes, já estimados em 400 mil por ano em 1991, mas podendo aumentar de forma alarmante com a dissolução do bloco socialista e com o aumento da miséria no Leste europeu. Outro problema que inspira muita preocupação é a guerra civil na Iugoslávia, que faz aumentar o afluxo de fugitivos para os países fronteiriços. Uma das conseqüências será o aumento do neonazismo como uma rejeição à "ameaça" estrangeira. Tudo isso faz com que se desenvolva o chamado "euroceticismo", a dúvida nas possibilidades reais de que a unificação se concretize a curto prazo, e que logo se manifestará nos plebiscitos sobre o tratado.

Pedras no caminho - Em 2/6/1992, o eleitorado dinamarquês rejeita, por 50,7% dos votos, o Tratado de Maastricht, por temer que a unificação acarrete queda na porcentagem do orçamento destinada à proteção social.

É o que basta para que, na Grã-Bretanha, setenta deputados conservadores peçam ao 1º-ministro John Major a renegociação do tratado. Ratificado pelo Parlamento de Luxemburgo (2/7), por 51 votos a 6, o documento de Maastricht é aprovado pelo Senado italiano em 17/9; mas sua ratificação na França, através do plebiscito de 20/9, é difícil: o "sim" vence por 50,9% contra 49,05%. Essa vitória estreita é resultado, entre outras coisas, da decisão britânica e italiana, no início desse mês, de se retirar do Sistema Monetário Europeu, em protesto contra a valorização excessiva do marco e a política de juros altos mantida pelo governo alemão.

Reunidos em Birmingham, na Grã-Bretanha (16/10), os líderes da CEE decidem manter o processo de unificação proposto em Maastricht; mas concordam com a exigência britânica de que sejam feitas consultas mais amplas. Em 29/10, o tratado é ratificado pelos parlamentos italiano e espanhol. Mas em 4/11, no momento em que é aprovado na Bélgica e Irlanda, o governo britânico decide adiar para 1993 o debate sobre sua ratificação. Depois que essa aprovação ocorre na Alemanha (2/12/1992), a cúpula da CEE resolve, em Edimburgo, na Escócia, que o processo de ratificação tem de estar terminado no máximo até julho de 1993. Para contornar a oposição do povo dinamarquês, garante-se ainda a esse país o direito a não participar da união monetária e do sistema coletivo de defesa.

obs:esse trabalho nao e grande coisa, mais estou colocando pq eu vi na biblioteca e nao tem nada sobre a guerra do golfo!!!entao resolvi colocar mesmo nao sendo grande coisa pq as vezes alguem pode precisar!!!


Publicado por: Equipe MonografiasBrasil.com

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