Afetividade e ludicidade: elementos fundamentais no processo de ensino aprendizagem das crianças hospitalizadas

RESUMO

O pedagogo possui um papel importante na educação brasileira. Atualmente surgiram novos campos de atuação para este profissional, um exemplo é a classe hospitalar. Surgindo então o Pedagogo Hospitalar. Que me levou a investigar a importância e os benefícios da pratica- pedagógica envolvendo afetividade e ludicidade e como tais praticas podem promover o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo de crianças/jovens que, por motivo de internação hospitalar, estão privadas de participar de seu meio sócio-cultural e escolar. Sob a perspectiva de Vygotsky, busquei explanar como se dá o desenvolvimento infantil em busca de explicitar a importância do acompanhamento familiar e escolar para a criança/jovem hospitalizada.  Com a leitura de textos de outros autores, que permite compreender como a prática hospitalar se mostra tecnificada e impessoal negligenciado muitas vezes a prática humanista. Uma breve retomada das leis que vigoram em nosso país é um indicativo que demonstra a importância das Classes Hospitalares para garantir, entre outros, o direito à escolaridade ao educando hospitalizado. A análise da literatura especializada que relata resultados de pesquisas recentes sobre Classe Hospitalar salienta a importância do acompanhamento pedagógico educacional como um dos fatores disparadores da inclusão de alunos hospitalizados após a alta ou entre os períodos de reincidência. Além disso, demonstram a importância do trabalho pedagógico acompanhado pelo pedagogo hospital que seje flexível e consciente neste ambiente, pois o professor da Classe Hospitalar é o elemento que cria um vínculo afetivo, dialógico, lúdico e cognitivo com o aluno-paciente, propiciando condições de bem estar e consequentemente auxiliando na melhoria das condições deste aluno.

Palavras - chave: Classe -hospitalar, afetividade, ludicidade e aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Este estudo teve o intuito de demonstrar aspectos do atendimento pedagógico hospitalar e sua importância para o desenvolvimento de crianças/jovens enfermas e/ou em processo de recuperação a partir de internação em um hospital, onde os sentimentos de angustia, medo e dor durante o tratamento podem levar o paciente à desistência do papel de construtor de sua história e da desistência de adquirir aprendizagem. Evidencia ainda que com o passar do tempo, a criança-paciente, recolhida em seu novo ambiente sente que está excluído do círculo social em que convivia pela sua ausência e por sua nova condição física.

O ambiente hospitalar já é um local rejeitado pela criança naturalmente, pelo fato de ser frio e formal. A criança se sente desprotegida, sozinha, desamparada, é justamente esta imagem que deve ser mudada com a presença do pedagogo hospitalar, inserindo o lúdico juntamente com as atividades teóricas que seriam aplicadas na sala de aula, lembrando bem, estas atividades devem ser realizadas no hospital com a participação da escola, particularmente do professor, manterá contato direto com o pedagogo que acompanha o aluno-hospitalizado.

Ao longo dos anos crianças/jovens vêm sendo hospitalizadas no meio da sua trajetória escolar e muitas vezes não tem condições de retomá-las a tempo para concluírem o ano letivo e por este motivo acabam tendo que repetir o ano.

Por este e outros fatores, como a quebra da imagem fria, impessoal e impregnada de carência afetiva mostrada no hospital é que o pedagogo encontra um espaço para atuar nesta área, pois acima de todas as enfermidades que a criança/jovem esteja enfrentando são discentes que necessitam não somente do acompanhamento médico, mas também psicológico e pedagógico e acima de tudo afetivo por parte de todos que o rodeia.

Os hospitais precisam abrir as portas para este novo departamento que irá ajudar não somente os alunos hospitalizados, mas também toda a equipe que será adequada à realidade em que vivemos onde um precisa do outro e o amor não deve ser apenas pela profissão, mas sim elo próximo que necessita de seu carinho e atenção.

Cardoso (1995, p.48) destaca que: Educar significa utilizar praticas pedagógicas que desenvolvam simultaneamente razão, sensação, sentimento e intuição e que estimulem a integraçãointelectual e a visãoplanetáriadascoisas, em nome da paz e da unidade do mundo. Assim, a educação – além de transmitir e construir saber sistematizado – assume um sentido terapêutico ao despertar no educando uma nova consciência que transcenda o eu individual para o eu transpessoal.

Portanto o profissional que atua nesta área deve ser amigo, companheiro, atencioso e bem preparado para lidar com situações muitas vezes desagradáveis, deve ser criativo, pois nem sempre encontrará tudo pronto, principalmente na crise em que vivemos tanto na educação como na saúde, por este motivo deve improvisar alternativas de realização de seu trabalho.

Sabemos que todo hospital público ou privado deveria ser munido de uma brinquedoteca, pois o lúdico está diretamente ligado à recuperação e superação dos alunos hospitalizados. Brincar faz bem não só as crianças, mas ao adulto também.

Segundo Vygotsky (1988) brincar permite a criança retornar no plano simbólico, experiências traumáticas e desejos não realizados, libera sua imaginação e realiza desejos ou sonhos. Através da brincadeira faz com ele esqueça o local em que está inserida liberando seus medos e superando traumas causados devido a tratamentos longos e exames evasivos e dolorosos.

A leitura, realização de teatros com fantoches, as brincadeira dirigidas ajudam a passar o tempo e reanimam as crianças mesmo aquelas que só vão passar por atendimento de consulta. Além da recuperação física a criança deve ser estimulada a desenvolver-se e aprender, paralelamente o brincar mostra-se um poderoso recurso para melhor compreender a criança hospitalizada.

Portanto brincar é o fazer serio da criança, é brincando que ela consegue imaginar, criar extravasar sentimentos positivos ou negativos, pois conforme lembra Batista (2003) “O mundo das crianças não é tão risonho como se pensa. Há medos confusos, difusos, as experiências de perdas, pessoas que vão e não voltam...” (p. 121) e cabe ao pedagogo hospitalar através do lúdico transforma estes medos em esperança e um amanhã mais feliz rodeado de pessoas que o amam e o ajude a superar suas dificuldades de forma prazerosa e criativa.

Também é importante ressaltar que só é possível reconhecer uma criança se nela o educador reconhecer um pouco da criança que foi e que, de certa forma, ainda existe em si. Assim, será possível ao educador redescobrir e reconstruir em si mesmo o gosto pelo fazer lúdico, buscando em suas experiências, remotas ou não, brincadeiras de infância e de adolescência que possam contribuir para uma aprendizagem afetuosa, lúdica, prazerosa e significativa das crianças pequenas.

O estudo permitiu compreender que a afetividade e o lúdico são elementos significativos para a criança poder conhecer, compreender e construir seus conhecimentos, se tornar cidadã deste mundo, ser capaz de exercer sua cidadania com dignidade e competência. Sua contribuição também atenta para a formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por conta própria, sabendo resolver problemas e compreendendo um mundo que exige diferentes conhecimentos e habilidades.

É buscando novas maneiras de ensinar por meio da afetividade e do lúdico que conseguiremos uma educação de qualidade e que realmente consiga ir ao encontro dos interesses e necessidades da criança. Assim, consideramos o papel do pedagogo hospitalar mediador, como essencial para o ensino dos conteúdos científicos que envolvem também na nossa sociedade contemporânea a classe hospitalar, espaço de intervenção pedagógica junto às crianças que se encontram em tratamento.

REVISÃO DE LITERATURA

AFETIVIDADE E EMOÇÃO: ASPECTOS CONCEITUAIS

A questão da afetividade tem sido bastante discutida por professores, pais e educadores em que é percebida a importância da afetividade no processo de ensino e aprendizagem.

Mas o que é afetividade? A palavra afeto vem do latim affectur (afetar, tocar) e constitui o elemento básico da afetividade.A afetividadepode ser bordada segundo diferentes perspectivas, dentre outras, a filosófica, a psicológica e a pedagógica.

Aliás, existe acentuada confusão terminológica em relação à afetividade e ao grande número de vocábulos associados ao seu conceito. Os estados afetivos fundamentais são as emoções, os sentimentos, as inclinações e as paixões. A palavra emoção vem do latim movere, mover-se para fora, externalizar-se. É a intensidade máxima do afeto. A emoção é definida assim, pelo Dicionário Aurélio: “Psicol. Reação intensa e breve do organismo a um lance inesperado, a qual se acompanha dum estado afetivo de conotação penosa ou agradável”.

No presente trabalho, a afetividadeserá abordada na perspectiva pedagógica, ou seja, tendo em vista a relação educativa que se estabelece entre o professor e seus alunos, na sala de aula.Segundo Piaget (1995, p. 37) elas são inseparáveis, pois, defende que toda ação e pensamento comportam um aspecto cognitivo, representado pelas estruturas mentais, e um aspecto afetivo, representado por uma energética, que é a afetividade. Ou seja, “a afetividade constitui aspecto indissociável da inteligência, pois ela impulsiona o sujeito a realizar as atividades propostas”.

Segundo caracterização do Dicionário Aurélio (1994), o verbete afetividade significa “Psic. Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor, insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza”.

O psicanalista Sigmund Freud afirmava que os dados fornecidos pela psicanálise têm consequências importantes para a compreensão das relações inter-humanas, principalmente ao mostrar que o objeto de relação é um objeto individual construído pelo mundo interno fantástico (de fantasia) variando com nossos investimentos e em função de nossa história e de nossos estados afetivos.

Segundo Ferreira (1999, p. 62) afetividade significa:

Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza. Uma educação entre professores e alunos que não aborde a emoção na sala de aula como a afetividade traz prejuízos para a ação pedagógica, pois podem atingir não só o professor, mas também o aluno. E se o professor não souber lidar com crises emocionais isso poderá provocar desgastes físicos e psicológicos.

Para fazermos essa relação da afetividade com o processo de ensino e aprendizagem, vamos falar sobre o desenvolvimento da criança, pois o professor competente poderá organizar uma ação adequada para as reais necessidades dos seus alunos.

A Psicologia do Desenvolvimento focaliza o estudo científico de como as pessoas mudam, e também de como ficam iguais, desde a concepção até a morte. Wallon considera o desenvolvimento da pessoa completa integrada ao meio em que está imersa com seus aspectos afetivo, cognitivo e motor. “Jamais pude dissociar o biológico e o social, não porque o creia redutíveis entre si, mas porque, eles me parecem tão estreitamente complementares, desde o nascimento, que a vida psíquica só pode ser encarada tendo em vista suas relações recíprocas.”(Wallon 1951). Tais mudanças são óbvias na infância, mas ocorrem durante toda a vida.

A fase da infância é tomada de perspectivas e de experiência vivida. O estudo sobre a infância pode ser analisado e estudado por diversas áreas (Psicologia, Pedagogia, Pediatria, Fonoaudiologia, Sociologia etc.), ao longo do tempo tem sido estudado o lugar social que a criança ocupa em relação à outra criança, podendo revelar transformações e orientações necessárias para a compreensão de ser reconhecida, e é através da educação que a criança se transforma em adultos responsáveis.

Na teoria de Jean Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerando como tendo dois componentes: o cognitivo e o afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral.

Já Vygotsky (apud LA TAILLE, 1992, p. 11), propôs a construção de uma nova psicologia, fundamentada no materialismo histórico e dialético. Aprofundou seus estudos sobre o funcionamento dos aspectos cognitivos, mais precisamente as funções mentais e a consciência. Vygotsky usa o termo função mental para referir-se a processos como pensamento, memória, percepção e atenção.

A organização dinâmica da consciência aplica-se ao afeto e ao intelecto.Tendo afeto, a criança apresenta melhor aprendizagem, mostra motivação e melhora a disciplina, o que pode se considerar como conquistas significativas. “O pensamento tem origem na esfera das motivações, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses, impulso, afeto e emoção” (VYGOTSKI, 1998, p.76).

Através de novos vínculos sociais, a criança passa a se interagir com novos padrões de comportamento, conteúdos e valores sociais. Esse conhecimento de mundo ocorre do real para o mental.

A CRIANÇA E O HOSPITAL: PARA ALÉM DA DOENÇA, A   HUMANIZAÇÃO  

O hospital é, por natureza, um lugar que causa temor, por abrigar o encontro da vida com a morte. Esse local passa hoje por um processo de abertura no que concerne ao tratamento humanizado aos pacientes. Graças à humanização, atualmente e aceita facilmente a necessidade de incluírem-se outros profissionais, além do corpo médico, no meio hospitalar, transformando-o em um contexto afetivo e de valorização da emoção no equilíbrio biopsicossocial, imprescindíveis para a recuperação da saúde (WALLON, 1995).

Nessa direção, Delors, (2000, p. 20-90) afirma que:

Seria indispensável para enfrentar os desafios do próximo século, assinalar novos objetivos à educação e, portanto, mudar a idéia que se tem de sua utilidade [...] Uma nova concepção ampliada de educação deveria fazer com que todos pudessem descobrir o seu potencial criativo – revelar o tesouro escondido de cada um de nós.

A criança hospitalizada deve ser vista de modo integral de modo a ter suas necessidades e interesses atendidos, no sentido de que seja maximizado o projeto terapêutico de seu tratamento e, minimizadas as conseqüências do convívio social, fato que implica em impactos peculiares ao seu momento de vida e desenvolvimento. A dualidade saúde-doença deve valorizar as potencialidades saudáveis do sujeito, tendo como agentes promotores de saúde, a família  e a escola.

Dessa forma, é direito da criança hospitalizada ter acompanhamento pedagógico-educacional durante sua internação. Contudo, apesar de legislação e iniciativas tenham decorrido desse reconhecimento, faz-se necessário espaço onde possa ser discutida essa proposta e, dessa forma, assegurar a qualificação do atendimento ao citado direito.

A ida para o hospital e a internação, afasta a criança de seus familiares, de seus colegas de classe, da sua casa e do seu convívio e da sua rotina diários, ficando restrita às relações de convivência, dificultando suas interações e socialização (CECCIM, 1999).  É importante lembrar que a legislação ao garantir a importância do atendimento educacional até mesmo no leito àquelas crianças que ficam hospitalizadas e precisam estar afastadas da escola regular. O atendimento da classe hospitalar pode ser contemplado na Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 – LDB  quando garante no Capítulo V, da Educação Especial, no artigo 58, 2° parágrafo, que deve ser dado o atendimento “... em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.” (17.).

Além disso, existem os Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados que define que elas possuem “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”.

É percebido que o atendimento pedagógico e educacional no ambiente hospitalar reduz o tempo de internação, auxilia no lidar com o stress do adoecimento, mantém o vínculo da criança com sua realidade externa ao hospital, assegura o atendimento às necessidades intelectuais e do desenvolvimento infantil e é a atividade oferecida de forma mais sistemática às crianças hospitalizadas, culminando na humanização hospitalar.

Nessa perspectiva, vale ressaltar que quando a criança se refere aos enfermeiros, ela não destaca a sua habilidade técnica, mas sim dos que conversam e brincam com ela; ao se referir aos médicos, ela fala daquele que lhe dispensa paciência e atenção; e quando a criança fala da comida do hospital, sem dúvida pergunta pelo sorvete, pipoca, docinhos, salgadinho, pizza e refrigerante.

Segundo Fonseca, (1999), a prática hospitalar se mostra tecnificada e impessoal, orientada pela doença e pelos quadros clínicos, não se mostra como uma prática humanizada e personalizada orientada pela saúde e pela produção de vida, evidenciando a atenção, a escuta e o cuidado como dimensão afetiva, vivencial que não pode ser diagnosticada. Esta só pode ser sentida junto com a criança, quando nos medimos por ela, quando nos permitimos escutar seus processos afetivos e cognitivos, observando suas interações e suas produções e mediamos suas construções (VIGOTSKY, 1987).

De acordo com o Ministério da Educação e Cultura – MEC, o atendimento escolar no ambiente hospitalar constitui uma modalidade de atendimento educacional especializado colocado à disposição de toda criança hospitalizada, que deverá, sempre que possível, contar com a participação do familiar acompanhante (BRASIL, 1994).

Essa modalidade de atendimento denomina-se classe hospitalar, prevista pelo Ministério da Educação e do Desporto, por meio da publicação da Política Nacional de Educação Especial (MEC/SEESP, 1994). Este documento propõe que a educação em hospital seja realizada através de salas organizadas no hospital ou mesmo no leito, caso o aluno não possa se locomover.

O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA, reunido em sua vigésima sétima assembléia ordinária e considerando o disposto no art. 3º da lei 8.242, de 12 de outubro de 1991, aprovou a resolução n.º 41 de 13/12/1995 que dispõe os direitos da Criança e do Adolescente hospitalizados. Dentre eles destacamos o ‘’direito a desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do "curriculum" escolar durante sua permanência hospitalar’’ (1991, p.161).

A educação hospitalar tem a finalidade de assegurar a essas pessoas a "manutenção dos vínculos escolares, aprendendo e realizando experiências educativas mediadas pelo mesmo professor das demais crianças, em atenção aos direitos fundamentais da pessoa humana e no especial direito das crianças e hospitalizados à proteção integral." (CECCIM & FONSECA, 1999, p 24 - 36).

Pensando em escolarização no ambiente hospitalar, o educador tem o compromisso não apenas com a inserção e reinserção escolar, mas fundamentalmente com o sucesso escolar das crianças em situação de adoecimento, já que a criança vive a doença como uma situação de privação, pois, impede a que a mesma realize as suas atividades rotineiras.

O profissional que atua na classe hospitalar deve contribuir para o bem-estar físico, psíquico e emocional da criança enferma, além de ministrar o conhecimento curricular ensinado no espaço escolar. Porém, o trabalho do professor não é só ensinar, mas sim, deve ter como objetivo maior, a recuperação da saúde do aluno, conforme salienta Fontes (2005, p. 6).

“Começamos a perceber nesse contexto intersubjetivo do hospital, em que se interpenetram os conceitos de educação e saúde, uma nova perspectiva de educação que fertilize a vida, pois o desejo de aprender/conhecer engendra o desejo de viver no ser humano”.

Durante a hospitalização, o trabalho pedagógico traz a marca da construção do conhecimento sobre aquele espaço, aquela rotina, as informações médicas, as doenças de forma lúdica e ao mesmo tempo didática, usando o diálogo como base da educação.

Vygotsky (1989) desenvolveu a teoria sobre a linguagem como suporte para o

desenvolvimento humano. Segundo ele, o material básico do pensamento é a linguagem e a aprendizagem está pautada na interação do indivíduo com o meio no qual está inserido. Por isso, quando privadas desta interação, as crianças e adolescentes hospitalizados são impedidos de ter acesso ao conhecimento e de construir sua própria subjetividade. Segundo Fontes (2005, p. 5), “a constituição do eu é um processo condenado ao inacabamento que persistirá eternamente dentro de cada um de nós”.

Seguida de internação, a doença passa a ser estressante na medida em que a submete a diagnósticos, exames, procedimentos e tratamentos invasivos, e a priva de momentos prazerosos, tais como, a presença dos pais, familiares e amigos.

O hospital caracteriza-se então como um local impessoal e ameaçador em função das próprias condições desse ambiente. Hospitalizada, a criança fica sob o cuidado técnico que se limita a cuidar das condições clínicas da mesma, e que, na maioria das vezes, não a vê como uma criança nas suas especificidades, com outras necessidades, principalmente de brincar (MARANHÃO, 2003).

AÇÃO E REFLEXÃO: AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ESPAÇO HOSPITALAR

Infelizmente, a criança/jovem quando passa para o ambiente hospitalar, muitas vezes, fica impossibilitada de brincar. Isto porque o processo de hospitalização rompe com sua rotina, com seus brinquedos, com seus amigos, com sua alegria e a expõe a procedimentos hospitalares que são invasivos e dolorosos.

A introdução de professores no ambiente hospitalar é uma excelente oportunidade para o desenvolvimento de uma pedagogia inovadora que investe no processo educativo das crianças em situação hospitalar, pois, o dia-a-dia em uma unidade de pediatria evidencia a importância da prática pedagógica. Esta deverá ter, como “ponto de partida”, o olhar, o sorriso, a afetividade para com os alunos pacientes. A partir disso, o professor articula o conhecimento, tanto no que se refere à cognição e à afetividade, quanto ao estado de saúde da criança.

De acordo com Cunha (1990, p. 156), “[...] desse modo, quanto maior o compromisso e o envolvimento do professor junto aos alunos, maior será o prazer, o interesse pela aprendizagem e a participação destes nas atividades realizadas nas aulas”.

Mas falar de afetividade na relação professor/aluno é falar de emoções, disciplina, postura, uma constante na vida da criança, em todo meio do qual faça parte – seja a família, a escola ou o ambiente hospitalar. Em decorrência dessa relação, professor e aluno podem passar a conhecer novas formas de conceber o mundo, as quais são diferentes das suas. Podem também rever comportamentos, ratificar ou retificar opiniões, desfazer preconceitos, mudar

atitudes, alterar posturas.

Significa, portanto, que toda prática pedagógica deve, atentar e constantemente, buscar a qualidade das suas relações, valorizando os aspectos cognitivos e biopsicossociais, integrando-os enquanto elementos fundamentais no desenvolvimento da criança como um todo.

Segundo Fernándes (1991, p. 52), ‘’é a partir da relação com o outro, através do vínculo afetivo que a criança vai tendo acesso ao mundo simbólico, e, assim, conquistando avanços significativos no âmbito cognitivo’’.

Neste sentido, a criança torna-se importante e é fundamental o papel do vínculo afetivo que inicialmente apresenta-se na relação pai; mãe; filho, muitas vezes, irmão (a). No decorrer do desenvolvimento, os vínculos afetivos vão ampliando-se e a figura do professor surge com grande importância na relação de ensino e aprendizagem e um vínculo que se estabelece entre ambos. Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar.

Nessa perspectiva, a afetividade está presente quando se busca conhecer, quando se estabelecem relações com o objetivo de conhecimento, considerando, portanto, que o envolvimento afetivo torna a aprendizagem mais significativa.

Na concepção de Wallon (1995, p. 60):

A afetividade possui papel fundamental no desenvolvimento da pessoa, pois é por meio dela que o ser humano demonstra seus desejos e vontades. As transformações fisiológicas de uma criança revelam importantes traços de caráter e personalidade.

Na prática pedagógica, “professor e alunos transformam-se” e transformam o conhecimento em aprendizagem. A dimensão afetiva assume um aspecto central na formação da pessoa e no desenvolvimento cognitivo (LA TAILLE, 1992).

A linguagem é a principal ferramenta que o professor utiliza para realizar a mediação. O professor encoraja o aluno/paciente, melhorando a sua auto-estima e contribuindo para o empenho da criança em enfrentar o seu tratamento de saúde, respeitando, assim, sua condição patológica.

O trabalho pedagógico desenvolvido na unidade hospitalar representa a possibilidade de interação, pois a criança espera ser reconhecida e respeitada como pessoa, e valoriza o professor que a educa para a vida, condição esta que os unem afetivamente, e “quanto mais o professor é próximo do aluno, mais influência ele tem sobre seu comportamento” (CUNHA, 1990, p. 156).

A prática pedagógica nesse espaço exige dos profissionais envolvidos maior flexibilidade, pois é dirigida a uma clientela que se encontra em constante modificação, no que diz respeito ao tempo que cada criança permanecerá internada e ainda pelo fato de serem crianças com diferentes patologias, requisitando diferentes intervenções.

Cabe, portanto, ao professor reconhecer as aprendizagens e dificuldades de cada aluno, para então, mais eficientemente, considerar o que o aluno já sabe e orientá-lo na superação de obstáculos, incentivando-o à participação nas atividades pedagógicas.

Contudo, torna-se necessário flexibilizar, bem como agilizar um planejamento educacional adequado às condições de cada criança internada, cabendo ainda ao professor ter consciência dos medos, mudanças e incertezas que passam pela mente da criança aluno/paciente, pois, no hospital, tudo, para ela é incerteza. Consciente dessa nova situação, o professor deve intervir e tornar-se parte dessa rotina, com muita ética. Ser ético é ser humano, é respeitar limites, é resgatar o lado saudável, é dar-lhe singularidade.

Nesse sentido, a ação pedagógica não se faz presente no espaço hospitalar para cumprir programas conteudistas, mas sim para agenciar conexões, necessidades intelectuais, emoções e o pensamento das crianças adoecidas. Para tanto os profissionais de educação precisam desenvolver em si o potencial de uma escuta/dialógica, necessidade fundamental para quem atua com crianças e pretende oferecer-lhes atenção integral que venha assegurar o progresso na condição de saúde das crianças hospitalizadas.

Nessa perspectiva trazemos à baila a importância da atividade lúdica como ferramenta pedagógica no ambiente hospitalar. Sabemos que asatividades lúdicas faziam parte da vida do ser humano, em especial, da vida da criança desde o início da humanidade. Os povos da Antigüidade acreditavam que o desenvolvimento integral do ser humano pressupunha o brincar. Aristóteles classificou o homem em três aspectos: homo sapiens (o que conhece e aprende), homo faber (o que faz e produz) e o homo ludens ( o que brinca e cria ). Em nenhum momento, ele sobrepujou o outro como mais importante ou mais significativo, mas os considerava indissolúveis.

A palavra ‘lúdico’, de origem latina, significa brincar. Nesse ato estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimento que tenham a função de oportunizar a aprendizagem do indivíduo, a ampliação de seus conhecimentos e saberes do mundo através do jogo, do brincar.

O brincar envolve também a socialização do indivíduo e por isso é tão importante para a criança a brincadeira, o jogo tanto quanto a nutrição e os cuidados e atendimentos às necessidades vitais. A Associação Brasileira pelo Direito de Brincar – (IPA Brasil) defende o brincar com todas as suas formas. Ele é encarado como um meio, um direito e um dever.

Como ummeio porque proporciona inúmeras possibilidades de desenvolvimento pessoal, fonte de afeto, de alegria e solidariedade. Como um direito porque está instituído no artigo 31 da Convenção dos Direitos da ONU que diz: "Toda criança tem o direito ao descanso e ao lazer, a participar de atividades de jogos e recreação, apropriadas à sua idade, e a participar livremente da vida e das artes." (ONU, 1995).

Como um dever para os adultos que respondem pela qualidade de vida de todas as crianças existentes na comunidade e a elas devem oferecer oportunidades saudáveis de brincar e de serem crianças para que elas também façam isso por seus filhos, netos, bisnetos. Para a perpetuação da infância, da brincadeira e da alegria.

A educação lúdica contribui e influencia na formação da criança e do adolescente, possibilitando a esses um crescimento sadio, um enriquecimento permanente. Para Vygotsky (1988 - apud Saltoratto) as experiências lúdicas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual, cognitivo e psíquico das crianças. Assim, preservar e valorizar o brincar é uma maneira de fazer história e cultura.

Os jogos, brinquedos e brincadeiras são atividades fundamentais da infância que favorecem a imaginação, a confiança, a curiosidade, a socialização, desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da criatividade e da concentração. De acordo com Lindquist (1993), muitas crianças hospitalizadas não conseguem verbalizar seus desejos e necessidades dentro de um ambiente tão hostil como o hospital. Freqüentemente, elas ficam inquietas, ansiosas, sofrendo as conseqüências da doença que elas muitas vezes desconhecem a causa.

Assim parece que despertar o lúdico na criança torna-se um meio de ouvi-la e conhecê-la em sua dor além de desenvolver nela o desejo por aprender durante o tempo em que está longe da escola e dos amigos. Ainda segundo Lindquist (1993), o brinquedo está para a criança como o trabalho está para o adulto. Encantada com o que faz, ela fica concentrada e nesse momento é possível desenvolver as habilidades da criança através da atividade que a divirta.

Estando descontraída e estimulada a realizar tarefas e atividades que lhe façam bem e feliz, a permanência no hospital será mais fácil e o seu desenvolvimento e cura serão favorecidos.

De acordo com Ceccim e Burg (1997), a criança hospitalizada necessita que alguém a escute e que o faça de modo diferenciado, pois ela pede para brincar, ter amigos, buscando amenizar sua experiência de adoecer e ser hospitalizada.

A fim de estreitar o vínculo afetivo com as crianças, o professor utiliza a abordagem lúdica nas atividades pedagógicas, como uma estimulante forma de conduzi-las à aprendizagem. Fala-se do lúdico entendendo-o como a alegria, a espontaneidade, a referência não aos parâmetros da racionalidade, mas a uma lógica diferente: a lógica do ser feliz agora, do construir o futuro, do resolver o velho e construir o novo, da nova utopia, a “ordem amorosa” de que nos fala também Alves (1987).

O lúdico deve ser considerado em seus aspectos fundamentais, lúdico tem fim em si mesmo, ou seja, ele não é um meio através do qual alcançamos outro objetivo: seu objetivo é a vivência prazerosa de sua atividade. O lúdico baseia-se na atualidade; ocupa-se do aqui e do agora, não da preparação de um futuro inexistente. Ele privilegia a criatividade, a inventividade e a imaginação, por sua própria ligação com os fundamentos do prazer.

Reconhecer o lúdico é reconhecer a especificidade da infância; é permitir que as crianças sejam crianças e vivam como crianças; é ocupar-se do presente, porque o futuro dele decorre; é esquecer o discurso que fala da criança e ouvir as crianças falarem por si mesmas; é redescobrir a linguagem dos nossos desejos e conferir-lhe o mesmo lugar que tem a linguagem da razão.

Nessa direção, a utilização do jogo como atividade lúdica é de grande relevância no ambiente hospitalar, pois as crianças têm muito tempo ocioso e, ao seu lado, o acompanhante e os colegas de quarto. O valor do conteúdo de um jogo deve ser considerado em relação ao estágio de desenvolvimento em que se encontra a criança, isto é, como ela adquire conhecimento e raciocina.

Quando o professor propõe o jogo adequado para as crianças, favorece que elas construam conhecimentos, enfrentem desafios interessantes para resolver, permite ainda que ele possa auto-avaliar seu desempenho e que todos os participantes atuem ativamente do começo ao fim do jogo. Além dessas aprendizagens, o jogo permite a aprendizagem de regras e limites, entre outras noções.

A aprendizagem efetiva é um desafio permanente para a prática docente. Entende-se que as enfermarias são ambientes de cultura, construção do futuro, espaço de interação, afeto e esperança. Assim, a oferta de atividades lúdicas no ambiente de internação é crucial ao enfrentamento do adoecimento e à aceitação positiva do tratamento, mas não substitui a necessidade de atenção pedagógico-educacional, integrando-se aos sistemas educacionais.

ASPECTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DOS DADOS

Uma pesquisa é um processo de construção do conhecimento que tem como metas principais gerar novos conhecimentos e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento pré-existente. É basicamente um processo e aprendizagem tanto do indivíduo que a realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve.

A pesquisa como atividade regular também pode ser definida como conjunto de atividades orientadas e planejadas pela busca de um conhecimento. Pesquisar é buscar ou procurar resposta para alguma coisa. É na pesquisa que utilizaremos diferentes instrumentos para se chegar a uma resposta mais precisa. O importante é que o pesquisador saiba usar os instrumentos adequados para encontrar respostas ao problema que ele tenha levantado.

Segundo Lakatos (1997, p. 58), “O termo ‘pesquisa’ diz respeito a uma classe de atividades cujo objetivo é desenvolver ou contribuir para o conhecimento generalizável.” O autor ainda coloca que

A pesquisa é um processo de construção do conhecimento que tem como metas principais gerar novo conhecimento e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento preexistente.

Para Martins (1997), a pesquisa científica é um processo de busca, tratamento e transformação de informações segundo regras fornecidas pela metodologia da pesquisa.

Gil (1999, p. 48) diz que a pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação planejada, desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagrada pela ciência. É o método de um problema em estudo que caracteriza o aspecto científico de uma pesquisa.

Diante disso, o presente trabalho foi fundamentado pela pesquisa exploratória de cunho bibliográfico. A pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa apresenta subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica.

Conforme descreve Ruiz (1996, p. 94), a pesquisa bibliográfica “é muito utilizada para aumentar a reflexão existente em determinada área do conhecimento”.

Esse tipo de pesquisa abrange a leitura, análise e interpretações de livros, periódico, textos legais, documentos mimeografados ou xerocopiados, mapas fotos, manuscritos, etc. Todo material recolhido deve ser submetido a uma triagem, a partir da qual se realizará um possível plano de leitura. Trata-se de uma leitura atenta e sistemática que se faz acompanhar de anotações e fichamentos que eventualmente, poderão servir à fundamentação teórica do estudo.

Tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema. Ela dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa, uma vez que auxilia na definição do problema, na determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação da justificativa, da escolha do tema e na elaboração do relatório final.

Nessa perspectiva, a pesquisa bibliográfica dará o suporte metodológico, desta pesquisa onde as idéias de diversos autores que discorrem sobre o tema aqui abordado, darão a real legitimidade ao estudo.   

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No transcorrer deste artigo procurou-se empreender reflexões sobre a importância das atividades envolvendo a afetividade e a lúdicidade na recuperação e na construção da aprendizagem de crianças/jovens adoecidas em situação de internação, tendo sido possível desvelar que a afeto e a lúdico  são de extrema relevância para o desenvolvimento integral da criança, pois para ela brincar é viver.

O referencial teórico usado na pesquisa nos apresentou inúmeras discussões, novos nomes e novas reflexões, que embora não fazendo parte das leituras habituais nas escolas, constituem-se importantes referências às mudanças idealizadas, ficando claro, portanto, que a criança se desenvolve não só aprendendo as coisas que lhe são ensinadas na escola, também aprende a desempenhar papéis, a se relacionar afetivamente com as outras pessoas da família e da comunidade independentemente do contexto e do ambiente no qual esteja inserida.

Nessa direção, as atividades propostas pelo pedagogo hospitalar podem estar vinculadas aos conteúdos curriculares da escola regular e com a proposta lúdico-educativa, através de sua mescla de conhecer-brincar, cabendo ao professor, despertar nas crianças hospitalizadas as habilidades necessárias para elevar a auto-estima, a comunicação escrita e oral, o pensamento lógico e racional para solucionar problemas e tomadas de decisões, além da aprendizagem sobre o exercício da cidadania, como a responsabilidade social e ética, desenvolvendo portando, o seu desejo de aprender brincando e ao mesmo tempo se recuperar da situação de adoecimento.

Sabendo-se que a atuação educativa é essencialmente dialógica, tendo em vista que o foco de sua ação é o ser humano, portanto, este profissional é um estimulador que precisa, constantemente, criar formas para que o aluno consiga desafiar a própria doença dando continuidade aos trabalhos escolares, mas principalmente manter a esperança na cura.

Dessa forma, esta prática docente deve ser embasada nas relações afetivas, mantendo na criança a esperança e a força na luta pela saúde, de modo a garantir o estabelecimento de uma desejável condição de confiança, para propiciar condições de bem-estar, estimular a autonomia; e, principalmente criar um vínculo afetivo que certamente, incorrerá em melhoria das condições das crianças. Por isso, este profissional deve se conscientizar de sua função social, motivado e habilitado para a mudança, o professor se torna também, responsável pelas modificações das condições de aprendizagem e das relações sociais dentro e fora do hospital.

Diante do exposto e acreditando na importância da intervenção pedagógica em ambiente hospitalar, com a finalidade de que a criança enferma seja atendida em sua integralidade e que as condições necessárias sejam disponibilizadas, para que seu desenvolvimento continue acontecendo mesmo num ambiente clínico.

Assim, a sociedade deve conhecer a importância da pedagogia hospitalar de modo que venha a exigir que este atendimento seja oferecido, para que todos possam desfrutar do mesmo, priorizando o envolvimento entre a família, a escola e o hospital na construção de estratégias pedagógico-educacionais para a melhora do quadro clínico da criança, garantindo que seus direitos sejam preservados nesse momento de fragilidade que é ocasionado pela doença.

Portanto, na perspectiva de uma educação inclusiva, atendendo à diversidade dos alunos, a criação do atendimento educacional em ambientes hospitalares e domiciliares é fruto do reconhecimento formal, de que, independente do tipo e período de internamento, esses alunos têm direito à educação.

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Publicado por: Mariza Ferreira

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