Empreendedor com perfil popular e suas dimensões

RESUMO

Este é um trabalho inovador, o qual aborda uma vertente do empreendedorismo que ainda não fora analisada anteriormente. Os autores apresentaram uma pesquisa bibliográfica, a qual se tornará referência para a devida análise documental. Serão apresentados vários conceitos de diferentes autores sobre empreendedorismo, empreendedor e popular. Cases de empreendedores de sucesso com perfil popular serão apresentados, analisados para devida observação, com exemplificação do emprego do empreendedorismo. Será demonstrada uma pesquisa elaborada pelos autores e realizada com quatro empreendedores de sucesso com perfil popular que atuam no centro metropolitano de Goiânia. Algumas características serão destacadas para o enquadramento dos mesmos no conceito de empreendedores com perfil popular. Este trabalho acadêmico responderá questões que visam auxiliar o empreendedor com perfil popular a alcançar seus objetivos, bem como facilitar a obtenção do sucesso profissional e pessoal. Outro ponto muito importante deste trabalho é a análise realizada pelos autores com base no comportamento dos empreendedores relatados, mas também entrevistados no que tange à manutenção, crescimento do sucesso e a necessidade da busca de conhecimentos para tal. Este trabalho visa responder a seguinte pergunta: “Quem precisa frequentar longos anos de faculdade, cursos de especializações, treinamentos, programas de aperfeiçoamento, entre outros, para alcançar o sucesso?”

Palavras-chave: Administração. Empreendedorismo. Empreendedor Popular.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: As funções administrativas e suas características: 13

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: As principais teorias administrativas e seus principais enfoques

19

TABELA 2: Temas, conceitos e seus autores

25

TABELA 3: Comparação dos Perfis dos Empreendedores

31

TABELA 4: Características comuns aos empreendedores com perfil popular

53

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

9

CAPÍTULO I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

11

1.1 ADMINISTRAÇÃO

11

1.1.1 Funções da administração

12

1.1.2 Principais teorias da administração e seus empreendedores

14

1.2 EMPREENDEDORISMO

20

1.2.1 Primeiro uso do termo empreendedorismo

20

1.2.2 Alguns mitos sobre empreendedores

21

1.2.3 Conceituando empreendedorismo

22

1.2.4 Conceituando empreendedor

23

1.2.5 Conceituando popular

24

1.3 Cases de empreendedores de sucesso com perfil popular

26

CAPÍTULO II METODOLOGIA

33

2.1 Tipo de pesquisa

33

2.2 Unidade de análise

34

2.3 Sujeitos de pesquisa

34

2.4 Instrumentos de coleta de dados

34

2.5 Metodologia de análise dos dados

34

2.6 Campo de estudo

35

CAPÍTULO III DADOS E ANÁLISE DA PESQUISA

38

3.1 Descrição da entrevista com o empreendedor Sr. Célio Figueiredo

38

3.2 Descrição da entrevista com o empreendedor Sr. Roberto Melo

41

3.3 Descrição da entrevista com o empreendedor Sr. Francisco Dantas

44

3.4 Descrição da entrevista com o empreendedor Sr. Robério Oliveira

48

3.5 Análise geral

51

3.6 Conceituando empreendedor com perfil popular

54

CONSIDERAÇÕES FINAIS

55

REFERÊNCIAS

57

APÊNDICES

59

ANEXOS

61

INTRODUÇÃO

Compreende-se que fatores como: alta taxa de desemprego, necessidade de sobrevivência, oportunidades, globalização, forte concorrência, mercado consumidor cada vez mais exigente, até mesmo “sorte”, levam pessoas comuns, sem muita instrução ou conhecimento acadêmico alcançarem o sucesso. Não se pode deixar de acrescentar experiência, know how, maturidade, trabalho árduo, compromisso, envolvimento, criatividade e acima de tudo um grande, mas também poderoso desejo de vencer. Dessa forma, quem precisa freqüentar longos anos de faculdade, cursos de especializações, treinamentos, programas de aperfeiçoamento, entre outros, para alcançar o sucesso?

Muitos questionam isso, mas poucos encontram a resposta. É fato que são muitos os casos de sucesso profissional sem o necessário estudo teórico para o melhor desempenho ou mesmo emprego do empreendedorismo. Nota-se a necessidade de se aprofundar no assunto para facilitar ou aumentar as chances do sucesso.

Sana-se essa necessidade apresentada, com o estudo epistemológico1 racional, ou seja, deve-se aperfeiçoar sempre, buscar novos conhecimentos, aprimorar habilidades, pois o simples conhecimento empírico não é suficiente para alcançar e manter o sucesso.

Através de ferramentas utilizadas na prática de uma boa administração, principalmente da atividade certificadora intitulada Estratégia e Negócios, esse 1 Epistemologia: s.f. Conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos, ou lingüísticos), sistematizar as suas relações, esclarecer os seus vínculos, e avaliar os seus resultados e aplicações. (FERREIRA, 2003).

projeto aborda o assunto, exemplificando vários casos reais de indivíduos que iniciaram o seu próprio negócio com alguns dos critérios mencionados anteriormente, alcançaram seu sucesso, mas ainda assim, buscaram nos estudos, embasamento para permanecer prosperando e crescendo de acordo com seus sonhos e desejos.

Este projeto busca responder questões que visam auxiliar o empreendedor popular a alcançar seus objetivos e metas. Pois interessa acima de tudo, exemplificar e demonstrar a importância da busca por conhecimentos teóricos para o alcance do sucesso do empreendedor. Através de casos reais, evidencia-se que não é apenas uma questão de lógica racional, mas o alcance do sucesso torna-se muito mais fácil, ou menos difícil, com o estudo teórico do que apenas com o desejo, trabalho e o compromisso da vitória.

As pessoas que um dia tiveram uma grande ideia empreendedora e também a coragem de empreender o seu próprio negócio e alcançaram sua meta inicial de sucesso, passaram a ter outras preocupações. O que fazer para seu empreendimento crescer? Como crescer? Como atender mais e melhor? Como ampliar seus negócios? Como ganhar mais dinheiro e viver melhor? A resposta será apresentada no decorrer deste trabalho.

O objetivo geral desse é pesquisar e relatar casos de empreendedores com perfil popular, sem conhecimento teórico acadêmico, mas que ainda assim, conseguiram se diferenciar dos concorrentes e destacaram-se em seus segmentos. Além de elaborar pesquisa bibliográfica acerca do tema proposto, pesquisar casos de empreendedores com perfil popular que alcançaram o sucesso, mas também conhecer o comportamento do empreendedor com perfil popular após o sucesso, quanto à busca de conhecimentos e aperfeiçoamento.

No capítulo I, será apresentada a fundamentação teórica que discute teorias, conceitos e pensamentos elaborados por diversos autores em suas respectivas áreas de conhecimento e atuação. No capítulo II, será demonstrada a metodologia aplicada para a captação de dados, que servirão como base de análise para a defesa da tese apresentada pelos autores deste trabalho de conclusão de curso sobre empreendedores com perfil popular. No capítulo III, serão exibidas as entrevistas realizadas com empreendedores de perfil popular, que situados na região metropolitana de Goiânia, para confronto das informações pesquisadas e citadas no capítulo I. Por fim, será apresentado o conceito de empreendedor com perfil popular.

CAPÍTULO I

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. Administração

É correto afirmar que existem tantos conceitos de administração, quantos livros sobre o assunto. Todavia, a grande maioria das definições de administração compartilha uma idéia básica – a administração está relacionada com o alcance de objetivos por meio dos esforços de outras pessoas. (SILVA, 2002)

Segundo Drucker (2002), a administração e os administradores constituem necessidades específicas de todas as entidades, da menor à maior. São eles que mantêm sua coesão, mas também a fazem trabalhar. Nenhuma das entidades poderiam funcionar sem a cooperação dos administradores. Assim eles fazem o serviço que lhes é inerente – não o fazem por delegação do “proprietário”. Recorrese à administração não simplesmente pelo fato de o serviço ter assumido dimensões grandes demais para que uma pessoa só se encarregue dele. Por isso administrar uma empresa privada ou uma entidade pública de prestação de serviços é intrinsecamente diferente de dirigir uma, na qual se é o proprietário ou exercer a medicina ou o de advocacia por si mesmo praticamente.

A palavra administração vem do latim, dos vocábulos AD (direção, tendência para) e Minister (subordinação ou obediência). Significa então, a pessoa que exerce uma função abaixo do comando de outra pessoa, prestando um serviço a outro. (CHIAVENATO, 1999)

Chiavenato (1999), entende que administração consiste em fazer algo por meio das pessoas, podendo ser aplicada nas indústrias, no comércio, em organizações de serviços públicos, nos hospitais, universidades ou em qualquer que seja a atividade na qual haja o empreendimento humano, como também as pessoas trabalhem em conjunto para obter objetivos comuns.

Ressalta-se outra definição muito interessante Terry (apud SILVA, 2002), que avalia administração sendo um processo distinto, o qual consiste no planejamento, organização, atuação e controle para determinar, mas também alcançar os objetivos da organização pelo uso de pessoas e recursos.

Drucker (2002) afirma também, que a administração pode constituir a mais importante inovação do presente século – e aquela que maior influência exerce diretamente sobre os jovens que estudam nas faculdades e universidades, mas também os “trabalhadores intelectuais” de amanhã das entidades administradas e seus próprios administradores do depois de amanhã.

A administração, sua competência, sua integridade e seu desempenho, serão decisivos nas próximas décadas tanto para os EUA, quanto para o mundo livre. Ao mesmo tempo, as demandas sobre a administração vão crescer muito e constantemente. (DRUCKER, 2001)

Entender que a administração se relaciona primordialmente às empresas torna-se uma ideia parcialmente correta, mas está incompleta – a administração é necessária em todos os tipos de atividades organizadas e em todos os tipos de organização. De fato, existe uma organização todas as vezes que duas ou mais pessoas interagem para alcançar certo objetivo. Dessa forma, há necessidade de administração em todas as organizações; famílias, clubes, pequenas e grandes empresas, organizações públicas, privadas, que visem ou não visem lucro. Além de fábricas, organizações de prestação de serviços, varejistas, firmas americanas, estrangeiras e multinacionais. (MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI JR., 1998)

1.1.1 Funções da administração

As funções administrativas são as mesmas em todas as empresas, obviamente existem variações em maior ou menor grau em termos de conteúdo e aplicabilidade. Essas variações são decorrentes de aspectos culturais, modelos organizacionais, imposições legais e diferentes políticas adotadas pelas empresas.

Assim são apresentadas abaixo algumas das principais funções administrativas: (MASIERO, 1996)

a) Planejamento – determinação de objetivos e metas para o desempenho organizacional futuro, decisão das tarefas e recursos utilizados para alcance daqueles objetivos; (SILVA, 2002)

b) Organização – processo de designação de tarefas, de agrupamento de tarefas em departamentos e de alocação de recursos para os departamentos; (SILVA, 2002)

c) Direção – influência para que outras pessoas realizem suas tarefas de modo a alcançar os objetivos estabelecidos, envolvendo energização, ativação e persuasão daquelas pessoas; (SILVA, 2002)

d) Controle – função que se encarrega de comparar o desempenho atual; com os padrões predeterminados, isto é, como planejado. (SILVA, 2002)

Alguns estudiosos denominam a função direção, como liderança, o que está ocorrendo na maioria dos livros norte-americanos. Todavia, compreende-se que liderança é uma condição da direção, uma qualificação dela e não pode ser substituída pela função de direção. Pois pode-se dirigir sem liderar, apesar de não ser a melhor condição. Liderar é dirigir com qualificações de modo a tornar a função de direção mais eficaz. (SILVA, 2002)

FIGURA 1: AS FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS E SUAS CARACTERÍSTICAS:

FONTE: (SILVA, 2002, p.10)

As funções administrativas e suas características são basicamente as mesmas, independentemente do tipo de empresa e sua estrutura organizacional. Muda apenas a ênfase de atuação. Existem diferentes teorias de administração, cada qual adota uma ênfase diferente. No total são cinco tipos de ênfase em uma organização: tarefas, estrutura, pessoas, ambiente e tecnologia. Na realidade, cada teoria administrativa surgiu como uma resposta aos problemas empresariais mais relevantes de sua época. Todas as teorias administrativas apresentadas a seguir são válidas e aplicáveis às situações de hoje.

1.1.2. Principais teorias da administração e seus empreendedores

Fayol aponta a possibilidade e mesmo a necessidade de um ensino organizado, metódico da administração, de caráter geral para formar melhores administradores, a partir de suas aptidões, mas também qualidades pessoais. Na sua época, essa ideia era uma novidade. Postula também que, a administração consiste em uma ciência como as demais, por isso seu ensino nas escolas e universidades torna-se plenamente possível e necessário. (FAYOL apud CHIAVENATO, 1999).

De acordo com Chiavenato (1999), o significado e o conteúdo da administração sofreram uma formidável ampliação e aprofundamento através da diferentes teorias que serão abordadas a seguir. O próprio conteúdo do estudo da administração varia enormemente de acordo com a teoria ou escola considerada. Normalmente, cada autor ou estudioso da administração tende a abordar as variáveis e assuntos típicos da orientação teórica de sua escola ou teria.

  • Administração científica

No despontar do século XX, um engenheiro apresenta o primeiro trabalho a respeito da administração. Um americano, chamado Frederick Winslow Taylor, que veio a desenvolver a chamada Escola da Administração Científica, preocupando em aumentar a eficiência da indústria, por meio, inicialmente, da racionalização do trabalho do operário. A preocupação básica era aumentar a produtividade da empresa por intermédio do aumento de eficiência no nível operacional, isto é, no nível dos operários. A abordagem da administração científica é uma abordagem de baixo para cima (do operário para o supervisor e gerente) e das partes (operários e seus cargos) para o todo (organização empresarial). Predominava a atenção para o método de trabalho, para os movimentos necessários à execução de uma tarefa, para o tempo padrão determinado para sua execução. (CHIAVENATO, 1999).

Frederick W. Taylor (1856-1915), nasce na Pensilvânia, Estados Unidos. Teve uma educação básica rígida e disciplinada, com conhecimentos clássicos de francês, de alemão viajando ocasionalmente para a Europa. Aos 18 anos, apesar de aprovado nos exames de Harvard para o curso de Direito, resolve iniciar o seu aprendizado como operário em uma pequena metalúrgica da Filadélfia, aí permanecendo por quatro anos. Já em 1878, muda-se para a Midvale Steel Co., também na Filadélfia, como trabalhador comum. Nessa empresa, passa de operário a engenheiro chefe, em 1884, por se ter graduado no Stevens Institute of Technology de Hoboken, New Jersey, em 1883. Seus doze anos na Midvale (1878- 1889) serviram de base para as suas ideias sobre administração de oficinas. (SILVA, 2002).

Taylor conseguiu revolucionar os processos tradicionais dos métodos de trabalho, através da aplicação de métodos científicos a muitas empresas norteamericanas. Além de proporcionar maiores lucros aos patrões e de valorizar o trabalho dos operários, assegurou a todos uma prosperidade mútua, que se refletiu satisfatoriamente na própria riqueza do país. (SILVA, 2002).

  • Administração Clássica

Henri Fayol desenvolveu uma teoria chamada Teoria Clássica. Sua preocupação básica era aumentar a eficiência da empresa por meio da forma, mas também disposição dos órgãos componentes da organização (departamentos) além das suas inter-relações estruturais. Daí a ênfase na anatomia (estrutura) e na fisiologia (funcionamento) da organização. Nesse sentido, a abordagem da corrente anatômica e fisiologista é inversa à da administração científica: de cima para baixo (da direção para a execução) e do todo (organização) para as suas partes componentes (departamentos). Predominava a atenção para a estrutura organizacional, com os elementos da administração, com os princípios gerais da administração, com a departamentalização. Esse cuidado com a síntese e com a visão global permitia a melhor maneira de subdividir a empresa sob a centralização de um chefe principal. Foi uma corrente eminentemente teórica, mas também administrativamente orientada. A ênfase na estrutura é a sua principal característica. (CHIAVENATO, 1999).

Henry Fayol (1841-1925) nasce em Constantinopla, em uma família burguesa. Educado no Liceu de Lion, na França, e em 1860 se torna engenheiro de minas pela Escola Nacional de Minas em Saint Étienne. Foi trabalhar nas atividades de mineração de carvão e fundição de ferro do consórcio francês Commentry- Fourchambault Company. Passou sua vida inteira trabalhando na mesma empresa, assim de 1860 a 1866 como engenheiro, fazendo notáveis avanços na técnica de combate aos incêndios subterrâneos que ocorriam na companhia.

Seu esforço foi recompensado com a promoção à gerente das minas Comentry, aos 25 anos. Seis anos mais tarde, assume a gerência de um grupo de minas. Em 1888, a empresa estava em dificuldades, pois os dividendos não eram pagos desde 1885. Chegou-se a diretor-geral, começando a revitalizar a companhia. Ele fechou a fundição de Fourchambault, centralizando a produção em Montluçon, outro local de atividade do consórcio, para ganhar em economia de escala. Fayol adquiriu novos depósitos de carvão em Bressac, Decazeville e em Jondreville. A nova companhia, denominada Comambault, se recuperou sob sua direção e continua até hoje como parte da Le Creusot Loire, o maior grupo de mineração e metalurgia na França Central. A partir dessas experiências na Comambault que desenvolve sua proposta de administração. (SILVA, 2002).

  • Teoria da burocracia

A administração burocrática teve sua origem na Europa, no início do século XX, como alternativa às teorias conhecidas, visto que buscava a racionalidade técnica requerida para projetar e construir um sistema administrativo baseado no estudo exato dos tipos de relacionamentos humanos necessários para expandir a produtividade. A escola da burocracia abre uma nova visão na perspectiva administrativa, introduzindo o estudo do seu aspecto institucional, partindo da ciência política, do direito e da sociologia. Desse modo, completou o escopo da natureza da administração, fornecendo-lhe o complemento necessário à consolidação da doutrina clássica, propondo um modelo de aplicação e comparação. A burocracia como forma de organização das atividades humanas é muito antiga; entretanto, como teoria desenvolvida, com objetivos específicos, só rompe a partir de Max Weber. Segundo Weber, a administração burocrática tinha as seguintes características: divisão de trabalho, hierarquia da autoridade, racionalidade, regras e padrões, compromisso profissional, registros escritos e impessoalidade. (SILVA, 2001).

  • Administração estruturalista

A administração estruturalista marca sua presença no campo da administração por implicar o estudo das organizações em um sentido mais amplo e integral, levando em conta todos os fatos que influem, tanto internos como externos, e submetendo-os a uma análise comparativa e global. O estruturalismo implica reconhecer que os fenômenos organizacionais se interligam, interpenetram, mas também interagem de tal modo que qualquer modificação ocorrida em uma parte da organização afeta todas as outras partes. O nome de maior projeção do estruturalismo é Amitai Etzioni. Ele deve sua proeminência ao fato de se ter ocupado em analisar os fundamentos das escolas correntes até então conhecidas e, julgando-os insatisfatórios, formula uma síntese do que considerava válido, denominada de estruturalismo. (SILVA, 2001).

  • Teoria das relações humanas

A escola das relações humanas, como mais comumente é conhecida, foi construído com base na teoria clássica. Os aspectos organizacionais mais importantes se concentram no homem e seu grupo social, isto é, a preocupação passa dos aspectos técnicos e formais para os aspectos psicológicos e sociológicos. O movimento das relações humanas foi um esforço combinado dentre teóricos, mas também práticos, para fazer os gerentes mais sensíveis às necessidades dos empregados. Isso veio como um resultado de circunstâncias especiais que ocorreram durante a primeira metade do século XX. Sua ênfase tem como base principal, as pessoas (empregados). Nascido em Adelaide, na Austrália, Elton Mayo (1880-1949), um psicólogo que trabalhou a maior parte de sua vida na Harvard Business School, foi o mais importante incentivador e protagonista da Escola das Relações Humanas. (SILVA, 2001).

  • Teoria comportamental

A escola comportamentalista estabelece críticas à teoria clássica e aos princípios gerais por ela estabelecidos, pela sua rigidez e mecanicismo. Ela também critica a teoria da burocracia pelo seu modelo de máquina. Essa escola trouxe um novo direcionamento às teorias da administração, com uma maior valorização do comportamento do indivíduo, uma redução nas posturas normativas e descritivas das teorias de até então. A herança mais importante trazida para a abordagem comportamentalista veio de Kurt Lewin (1890-1947). (SILVA, 2001).

  • Teoria do desenvolvimento organizacional

A administração tem um problema com dois braços. Um braço é: como se toma toda a energia humana e a canaliza em direção à missão da organização. O outro é como se organizam o trabalho, os padrões da comunicação, a tomada de decisão, as normas, valores, as regras básicas, de modo que as necessidades dos indivíduos, de autovalor/realização, satisfação, bem como coisas semelhantes, sejam encontradas, de maneira significativa no local de trabalho. A questão consiste em como administrar o dilema e não como administrar um dos braços do problema. O desenvolvimento organizacional tenta totalizar, alem de organizar a interação entre ambos os braços. O desenvolvimento organizacional ajuda os gerentes a alcançar um grau de síntese de organização, mas também a colocar as muitas peças de um sistema complexo juntas, em uma melhor configuração possível. Uma definição mais adequada vem de um pesquisador e estudioso de administração, Bennis, ex-reitor da Universidade de Bufallo nos Estados Unidos, foi o maior responsável por essa teoria. Ele esclarece que:

O desenvolvimento organizacional é um processo sistemático, administrado, e planejado de mudança de cultura, sistemas e comportamentos de uma organização, a fim de melhorar a eficácia da organização na solução dos problemas e no alcance dos seus objetivos. (BENNIS apud SILVA, 2001, p.400)

  • Teoria da contingência

Nos anos de 1970, ocorreu uma profusão de pesquisas investigando os fenômenos organizacionais a partir de uma nova perspectiva. Diversos escritores formularam teorias de administração das organizações que projetavam estruturas organizacionais, mas também ações gerenciais, apropriadas para situações mais especificas. Na literatura administrativa, o termo contingência implica que “uma coisa está relacionada à outra”. Isto é a aceitação do caráter altamente complexo e interrelacionado das características organizacionais. Em livro de 1985, Freemont Kast e James Rosenzweig observaram que: A visão da contingência procura entender as relações dentro e dentre os subsistemas, bem como entre a organização e seu ambiente, assim procura definir padrões de relações ou configurações de variáveis. Essa visão enfatiza a natureza multivariada das organizações, mas também tenta compreender como as organizações operam sob condições variáveis e em circunstâncias específicas.

A teoria das contingências estabelece que situações diferentes exijam práticas diferenciadas, apregoando o uso das teorias tradicionais, comportamentais e de sistemas separadamente ou combinadas para resolver problemas das organizações. (SILVA, 2001).

TABELA 1: AS PRINCIPAIS TEORIAS ADMINISTRATIVAS E SEUS PRINCIPAIS ENFOQUES

Ênfase Teorias administrativas Principais enfoques
Tarefas Administração científica

Racionalização do trabalho no nível operacional

Estrutura

Teoria clássica
Teoria neoclássica

Organização Formal;
Princípios gerais da Administração;
Funções do Administrador

Teoria da burocracia

Organização Formal Burocrática;
Racionalidade Organizacional;

Teoria estruturalista

Múltipla abordagem:
   Organização formal e informal;
   Análise intra-organizacional e análise
interorganizacional;

Pessoas

Teoria das relações humanas

Organização informal;
Motivação, liderança, comunicações e dinâmica de
grupo;

Teoria comportamental

Estilos de Administração;
Teoria das decisões;
Integração dos objetivos organizacionais e individuais;

Teoria do desenvolvimento
organizacional

Mudança organizacional planejada;
Abordagem de sistema aberto;

Ambiente

Teoria estruturalista
Teoria neo-estruturalista

Análise intra-organizacional e análise ambiental;
Abordagem de sistema aberto;

Teoria da contingência

Análise ambiental (imperativo ambiental);
Abordagem de sistema aberto;

Tecnologia

Teoria da contingência

Administração da tecnologia (imperativotecnológico);

FONTE: (CHIAVENATO, 1999, p.10)

1.2. Empreendedorismo

Dornelas (2005), avalia que, empreender tem a ver com fazer diferente, antecipar-se aos fatos, implementar ideias, buscar oportunidades e assumir riscos calculados. Mais que isso, está relacionado à busca da autorrealização. Por isso muitos brasileiros têm buscado no empreendedorismo o caminho para o sucesso, entretanto nem todos têm conseguido atingir o almejado no campo empresarial. É notório o espírito empreendedor do brasileiro, mas preocupante o fato de muitos deles possuírem iniciativa, tentarem empreender esperando que vontade e sorte sejam os ingredientes principais para a geração de grandes negócios.

No Brasil, ser bem sucedido como empreendedor não é tarefa fácil, mas aqueles que conseguem tornam-se referência pela ousadia, criatividade, inovação e persistência, que geralmente acompanham estes indivíduos diferenciados. E o melhor de tudo é que todos podem aprender com estes exemplos e utilizar esse aprendizado de forma a melhorar as suas chances de sucesso. (DORNELAS, 2005, p.13)

Hisrish (1986) define que a palavra empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e significa “ aquele que assume riscos e começa algo novo”. Antes de partir para definições mais utilizadas e aceitas, faz-se uma análise histórica do desenvolvimento da teoria do empreendedorismo.

1.2.1. Primeiro uso do termo empreendedorismo

Dornelas (2005) relata que, um primeiro exemplo de definição de empreendedorismo pode ser creditado a Marco Pólo, que tenta estabelecer uma rota comercial para o Oriente. Como empreendedor, Marco Pólo assina um contrato com um homem que possuía dinheiro para vender as mercadorias dele. Enquanto o capitalista era alguém que assumia risco de forma passiva, o aventureiro empreendedor assumia papel ativo, correndo todos os riscos físicos e emocionais.

  • Idade Média:

Na Idade Média, o termo empreendedor foi utilizado para definir aquele que gerenciava grandes projetos de produção. Esse indivíduo não assumia grandes riscos, apenas gerenciava os projetos, utilizando os recursos disponíveis, geralmente provenientes do governo do país. (DORNELAS, 2005).

  • Século XVII

Os Primeiro indícios de relação entre assumir riscos e empreendedorismo ocorreram nessa época, em que o empreendedor estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos. Como geralmente os preços eram prefixados, qualquer lucro ou prejuízo era exclusivo do empreendedor. Richard Cantillon, importante escritor e economista do século XVII, é considerado por muitos como um dos criadores do termo empreendedorismo, tendo sido um dos primeiros a diferenciar o empreendedor – aquele que assumia riscos -, do capitalista – aquele que fornecia o capital. (DORNELAS, 2005).

  • Século XVIII

Nesse século, o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferenciados, provavelmente devido ao início da industrialização que ocorria no mundo. Um exemplo foi o caso das pesquisas referentes à eletricidade e química, de Thomas Edison, que só foram possíveis com o auxílio de investidores que financiaram os experimentos. (DORNELAS, 2005).

  • Século XIX e XX

No final do século XIX e início do século XX, os empreendedores foram frequentemente confundidos com os gerentes ou administradores, sendo analisados meramente de um ponto de vista econômico, como aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista. (DORNELAS, 2005).

1.2.2 Alguns mitos sobre empreendedores

Empreendedores são natos, nascem para o sucesso.

Realidade:

  • Enquanto a maioria dos empreendedores nasce com certo nível de inteligência, empreendedores de sucesso acumulam habilidades relevantes, experiências e contatos com o passar dos anos;
  • A capacidade de ter visão e perseguir oportunidades aprimora-se com o tempo. (DORNELAS, 2005)

Empreendedores são “jogadores” que assumem riscos altíssimos.

Realidade:

  • Tomam riscos calculados;
  • Evitam riscos desnecessários;
  • Compartilham o risco com outros;
  • Dividem o risco em “partes menores”. (DORNELAS, 2005)

Os empreendedores são “lobos solitários” e não conseguem trabalhar em equipe.

Realidade:

  • São ótimos líderes;
  • Criam times/equipes;
  • Desenvolvem excelente relacionamento no trabalho com colegas, parceiros, clientes, fornecedores e muitos outros. (DORNELAS, 2005)

1.2.3 Conceituando empreendedorismo

Dolabela traduz a origem da palavra empreendedorismo sendo:

Empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução da palavra entrepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação. (DOLABELA, 1999, p.43)

Acrescenta-se ainda com Dornelas (2005), o empreendedorismo como sendo o envolvimento de pessoas e processo que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades. Dessa forma a perfeita implementação dessas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso.

Já Timmons (1990) ressalta que, o empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX.

O empreendedorismo, gradativamente, vem se firmando como uma grande possibilidade de opção profissional, junto com a atuação dos profissionais em grandes organizações e na área pública. Atualmente, procura-se estimular o fomento e geração de novos empreendimentos e, mesmo que não se tenha um negócio próprio, o que se espera de quem trabalha nas organizações é que tenha espírito empreendedor e aja como se dono fosse. (BULGACOV, 1999, p. 47).

1.2.4 Conceituando empreendedor

Existem muitas definições para o termo empreendedor, mas uma das mais antigas, e que reflete melhor o espírito empreendedor seja a de Joseph Schumpeter (1949), que afirma ser empreendedor aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais.

A palavra empreendedor, no emprego geral, designa principalmente, as atividades de quem se dedica à geração de riquezas, seja na transformação de conhecimentos em produtos ou serviços, na geração do próprio conhecimento ou na inovação em áreas como: marketing, produção, organização, etc. (DOLABELA, 1999)

Kirzner (1973) reforça que, empreendedor é aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente.

Para Dolabela (1999), o empreendedor torrna-se uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões.

Dornelas (2005), relata que em qualquer definição de empreendedorismo encontram-se, pelo menos, os seguintes aspectos referentes ao empreendedor:

a) Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz.

b) Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente social e econômico onde vive.

c) Aceita assumir os riscos calculados e a possibilidade de fracassar.

A riqueza de uma nação é medida por sua capacidade de produzir, em quantidade suficiente, os bens e serviços necessários ao bem-estar da população. Por este motivo, acreditamos que o melhor recurso de que dispomos para solucionar os graves problemas sócio-econômicos pelos quais o Brasil passa é a liberação da criatividade dos empreendedores, através da livre iniciativa, para produzir esses bens e serviços. (DEGEN, 1989, p.9).

1.2.5 Conceituando popular

Recorre-se ao dicionário para compreender o conceito de popular.

Popular. [Do lat. Populare.] Adj. 2g. 1. Do, ou próprio do povo. 2. Feito para o povo. 3. Agradável ao povo; que tem as simpatias dele. 4. Democrático. 5. Vulgar, trivial, ordinário; plebeu. ~V. aura- , casa-, democracia-, economia-, edição-, etimologia-, nome-, república-, sabedoria- e teatro-. S. m. 6. Homem do povo. ~V. populares. (FERREIRA, 2003, p.1607)

Pode se encontrar no dicionário jurídico o conceito de popular sendo: 1 Direito Desportivo: Diz-se da acomodação, em estádio desportivo, de menor preço. 2 Sociologia geral: a) o que pertence ao povo; b) usual entre o povo; c) o que provémdo povo; d) o que representa a vontade do povo; e) o que agrada ao povo; f) homem do povo que forma a massa comum. 3 Ciência política: Democrático. (DINIZ, 2005)

TABELA 2: TEMAS, CONCEITOS E SEUS AUTORES

Tema: Conceito: Autor:

Teoria da Administração Científica

Tem como preocupação básica, aumentar a produtividade da empresa por meio do aumento de eficiência no nível operacional. A abordagem é de baixo para cima, ou seja, dos operários para gerencia.

Frederick W.Taylor (1912)

Teoria Clássica da Administração

Tem como principal preocupação, aumentar a eficiência da empresa por meio da forma e disposição dos órgãos componentes da organização (departamentos). Sua abordagem é de cima para baixo, ou seja, da direção para a execução.

Henri Fayol (1916)

Empreendedorismo

É uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX.

Timmons (1990)

Empreendedorismo

Empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução da palavra entrepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação.

Dolabela (1999)

Empreendedorismo

Gradativamente, o empreendedorismo vem se firmando como uma grande possibilidade de opção profissional. Atualmente, procura-se estimular o fomento e geração de novos empreendimentos e, mesmo que não se tenha um negócio próprio, o que se espera de quem trabalha nas organizações é que tenha espírito empreendedor e aja como se dono fosse.

Bulgacov (1999)

Empreendedor

É aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais.

Schumpeter (1949)

Empreendedor

A palavra empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer aquele que assume riscos e começa algo novo.

Hisrish (1986)

Empreendedor

A palavra empreendedor, de emprego amplo, é utilizada para designar principalmente as atividades de quem se dedica à geração de riquezas, seja na transformação de conhecimentos em produtos ou serviços, na geração do próprio conhecimento ou na inovação em áreas como marketing, produção, etc.

Dolabela (1999)

Empreendedor

É aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente

Kirzner (1973)

Empreendedor

É uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões

Dolabela (1999)
Empreendedor Tem iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz; Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente social e econômico onde vive;Aceita assumir os riscos calculados e a possibilidade de fracassar

Dornelas (2005)

Popular

Do, ou próprio do povo. Feito para o povo. Agradável ao povo. Que tem as simpatias do povo. Homem do povo.

Aurélio Ferreira (2003)

Popular

Que pertence ao povo. Usual entre o povo. O que provém do povo. O que representa a vontade do povo. Homem do povo que forma a massa comum

Maria Helena Diniz (2005)

FONTE: Os autores

1.3 Cases de empreendedores de sucesso com perfil popular

  • Henry Ford

Refletir sobre administração e suas teorias, empreendedorismo e empreendedores, sem relatar sobre o precursor e exemplo de sucesso, Henry Ford, seria uma falta muito grave. Portanto, há muito tempo Henry Ford e o Modelo T são símbolos da moderna era industrial. Até mesmo o posterior crescimento e o sucesso da General Motors, rival da Ford, deveu-se em grande parte à necessidade de a GM encontrar uma resposta inovadora ao Modelo T. A abordagem gerencial desse administrador, bem como suas preferências sobre teoria da administração, são um paradigma do que havia de construtivo – e de imperfeito – nas abordagens iniciais da administração.

Filho de um imigrante irlandês pobre, Henry Ford nasceu em 1863 e cresceu em uma fazenda no estado de Michigan. Era fascinado por equipamentos mecânicos e tinha grande habilidade em consertar e melhorar quase qualquer máquina. Ele fundou a Ford Motor Company em 1903 e por volta de 1908 o primeiro Modelo T foi fabricado.

Quando surgiram, no início do século, os automóveis eram símbolo de status e fortuna, quase uma exclusividade dos ricos. Ford vislumbra uma possibilidade de modificar isso: o Modelo T seria feito para as massas – um carro que virtualmente qualquer pessoa pudesse comprar, por isso apontava como única forma de fabricar um veículo assim era produzi-lo em grande quantidade e a baixo custo. Dessa forma concentrou seus esforços em sua fábrica na eficiência, mecanizando sempre dentro do possível e dividindo as tarefas em seus menores componentes. Um trabalhador faria a mesma tarefa sempre e sempre, produzindo não uma peça inteira, mas apenas uma das operações necessárias à produção do todo. Assim a peça incompleta seria passada a outro trabalhador, o qual contribuiria com a operação seguinte, com isso ele conseguiu atingir uma eficiência notável. Embora o primeiro Modelo T tenha levado mais de 12 horas e meia para ser produzido, apenas 12 anos mais tarde, em 1920, a Ford produzia um Modelo T por minuto. Em 1925, no auge da sua popularidade, um Modelo T saía das linhas de montagem da Ford a cada 5 segundos. Por sua notável capacidade empreendedora, ressalta-se:

Henry Ford representa a contribuição da indústria para a formação da teoria clássica da administração. Ford não era nem engenheiro, nem economista, nem psicólogo; era um empresário com visão prática, que buscava a cristalização do conceito da eficiência, no mais amplo sentido, numa fábrica de automóveis. (SILVA, 2002, p.129)

Quando morreu, em 1945, Ford possuía mais de 600 milhões de dólares. Ele deixou uma marca indelével tanto na indústria quanto na sociedade americana. Seu nome é sinônimo de produção em massa e do desenvolvimento da moderna teoria da administração. (STONER; FREEMAN, 1999)

  • Senor Abravanel

Aos 12 de dezembro de 1930, nascia na Lapa – Rio de Janeiro, Senor Abravanel (nome de batismo de Sílvio Santos), filho de Alberto Abravanel, grego, natural de Salônica e Rebeca Caro Abravanel, turca, natural de Esmirna. Irmão de mais dois homens e três mulheres. Família humilde, garoto inquieto, falante, sonhador e decidido. Ainda frequentava a escola, quando iniciou trabalho como camelô para não depender financeiramente de seus pais. Sílvio, desde cedo, observava as casas comerciais, repartições públicas, porém percebeu que o trabalho era muito e o salário pouco, buscava uma forma de ganhar dinheiro trabalhando menos e ganhando mais. A princípio essa foi sua motivação.

No ano de 1945, o Brasil passava por um momento marcante em sua história, o presidente da república Getúlio Vargas acabara de ser deposto depois de 15 anos de governo. Os brasileiros estavam eufóricos em poder votar depois de tanto tempo, a eleição estava marcada para 1946. Mas um dia, caminhando pela Avenida Rio Branco, Sílvio observou um homem gritando, vendendo capinhas de plástico para colocar os títulos de eleitor. Ele vendia aquilo com enorme facilidade, todo mundo comprava aqueles portas-título por cinco cruzeiros. Quando o camelô acabou de vender uma remessa de carteirinhas, Sílvio seguiu-o e descobriu que o homem comprava as carteirinhas por dois cruzeiros em uma atacadista. Ele tinha dinheiro suficiente para aquisição de apenas uma carteirinha de plástico, comprou-a e saiu gritando que era a última, vendeu-a rapidamente, retornou à loja para comprar mais duas. Comprou-as. Guardou uma no bolso e voltou a gritar que era a última. Quando ele a vendeu, afastou-se, disfarçou, tirou a outra carteirinha do bolso e voltou a gritar que era a última. Todo dinheiro arrecadado, ele utilizou para comprar mais carteirinhas e vendeu todas. Assim nascia o Sílvio Santos camelô.

Naquela época havia apenas 12 ou 13 pessoas vendendo na rua. Mas vendiam mercadorias de má qualidade. Um dia ele conheceu o Sr. Augusto, o alemão das canetas. Esse homem ficava parado lá na Avenida Rio Branco perto da Getúlio Vargas, vendendo canetas. Só trabalhava uma hora por dia. Armava sua banquinha, começava a falar com o público, explicava como funcionavam, falava e passava o valor e em instantes vendia tudo. Sílvio pensou: “Aí tem coisa” e começou a espioná-lo. O Sr. Augusto não se preocupava, pois muitos já o tentaram imitar, mas sempre sem sucesso. Ele era conhecido como o melhor camelô do Rio de Janeiro.

Sílvio tomou aquilo como desafio, estudou-o e se preparou. Foi a uma atacadista, comprou algumas canetas e começou a vendê-las. Como sabia que falar simplesmente com o público não seria suficiente, ele aprendeu a manipular moedas e cartas de baralho. Chamando a atenção do público com pequenos passes de mágica, passava também a falar das qualidades da caneta, como se montava e desmontava, como funcionavam, como se substituía a bombinha de borracha ou a pena, falava o preço e as vendiam todas. Em pouco tempo vendia mais canetas que o concorrente. Sílvio Santos ganhava por dia, o equivalente a quase cinco salários mínimos, que naquele tempo era de 200 cruzeiros antigos. Daí em diante nunca mais ficou sem dinheiro.

Hoje Sílvio Santos não é apenas um campeão de auditório. Mas um dos mais prósperos empresários de São Paulo e – por que não dizê-lo? – do Brasil. Se alguém pergunta à ele como consegue conciliar a televisão com esse verdadeiro império empresarial, responde que,” para ele, não são atividades conflitantes. Faz as duas coisas ao mesmo tempo, mas não sozinho.”

  • Samuel Klein

No século XX. No dia 15 de novembro de 1923, em meio a uma Europa já em estado de ebulição, nascia na Polônia, Samuel Klein. Na pequena aldeia chamada Zaklikov, em uma família de judeus. Eram sete irmãos. No dia a dia dos Klein, os alimentos eram contados e feitos para o gasto. Os fósforos, ele partia ao meio para economizar. No início da década de 30, aos oito anos, ele já era um amante do trabalho, além de cuidar para que não faltasse nada em casa conforme prometido inocentemente à mãe. O menino já sabia manusear bem o serrote e mostrava habilidade com a madeira. Seguia a vocação de seu pai.

O que parecia inevitável aconteceu. No dia primeiro de novembro de 1939, durante a Segunda Guerra Mundial, os alemães invadiram a Polônia. O primeiro a perceber a presença de um soldado alemão no bosque que cercava sua aldeia, foi Samuel, na época com dezesseis anos e de tipo físico avantajado. Quase três anos depois da invasão, em outubro de 1942, o governo alemão decreta a lei que tirava dos judeus o direito de serem livres. Os Klein foram levados à prisão, separados. Samuel viu sua mãe e irmãs irem para um campo de concentração. Ele, seu pai e seu irmão foram para outra prisão. Após alguns dias, separaram também seu irmão por julgá-lo muito franzino e não servia para o trabalho. Quase dois anos se passaram, Samuel e seu pai trabalhavam como escravos no campo de concentração. Era julho de 1944 quando a guerra já estava acabando. A Alemanha estava perdendo poder. Samuel conseguiu fugir, tendo que deixar seu pai para trás. Passado algum tempo, ele decide voltar à aldeia que vivia, consegue trabalho em um sítio e ali vivia. Certo dia, estava tirando leite de uma vaca, com as costas viradas para a entrada e sentiu que alguém o observava. Seu susto foi enorme quando se virou e viu sua irmã em pé pronta para um forte abraço. A emoção saltava-lhe ao coração. Após muita conversa, Samuel decide ir comprar de contrabandista, uma garrafa de vodka com o único rublo que ele tinha para comemorarem, mas no caminho de volta, ele fora abordado por um soldado russo que decidiu comprar a garrafa de vodka para relembrar um pouco de sua tradição. Ele vendeu a bebida por dois rublos, tendo assim 100% de lucro. Voltou ao contrabandista e comprou outra garrafa de vodka. Fora abordado novamente por outro soldado e vendera novamente a garrafa de vodka. Assim nascera o comerciante Samuel Klein.

Anos se passaram, Samuel decidira viver na Alemanha pós-guerra. Era início de 1949 e Samuel conhece Ana, sua futura esposa. Em dezembro 1951, já casados e com um filho (Michael Klein), passam o réveillon a bordo do navio Provence, rumo ao Porto do Rio de Janeiro. Em 1952, Samuel decide viver no Brasil e traz sua família para São Paulo. Em São Caetano, enche uma mochila de produtos e começa a vender de porta em porta. Então conhece o Sr. Nulman, mascate que vivia em São Caetano e que lhe oferecera seu patrimônio (sua clientela, sua casa e uma charrete com cavalo) a venda. Até então Samuel já tinha uma economia de seis mil dólares. Fecharam o negócio. Ele agora possuía um meio de transporte, assim podia vender mais produtos de porta em porta. O tempo passava e decide que já era hora de um salto mais alto e levar os produtos até os clientes, mas também de fazer com que eles fossem atrás das mercadorias. Viabilizava isso abrindo uma loja. Em novembro de 1957, Samuel Klein compra a loja chamada “Casa Bahia” que ficava no centro de São Caetano. Agora o mascate se torna um comerciante.

Já em 1968, seu primogênito Michael deixa Samuel extremamente orgulhoso quando o garoto com 18 anos de idade inicia o curso de Administração de Empresas de uma Universidade. Com o auxílio de seu filho, Samuel constrói um império. A Casa Bahia é hoje uma das maiores redes de lojas de móveis, eletros e eletrônicos do Brasil. Emprega milhares de funcionários diretos e indiretos e fatura milhões por mês.

  • Eloi D’Ávila de Oliveira

Em entrevista concedida à Kátia Simões, Eloi D’Ávila de Oliveira confidencia como foi sua luta para transformar um menino de rua em o rei das viagens. Sua história de sucesso inicia-se quando ele tinha apenas oito anos. Ele nasceu em Rio Negro, no Rio Grande do Sul, 14º filho de um casal bastante pobre. Antes de completar dois anos de idade, ele assistiu à morte de sua mãe. Daí em diante, passou alguns poucos anos acompanhando o pai andarilho e outros tantos morando na casa de uma irmã mais velha. A dura convivência com o cunhado, no entanto, fez o garoto fugir de casa aos oito anos de idade. Daí em diante, levaria uma vida entre ruas, albergues, abrigos, voltas pra casa e outras fugas. Para sobreviver, foi engraxate, como também vendeu de tudo pelas ruas. Com o que ganhou, foi para o Rio de Janeiro. Passou meses lavando e guardando carros em frente ao hotel Copacabana Palace, conquistou a confiança dos hóspedes e o carinho da vovó Stella, como era conhecida a fundadora da Stella Barros Turismo. Aos 12 anos ingressou no turismo, como primeiro salário, Oliveira recebeu um tratamento que lhe devolveu os dentes perdidos em um soco dado por um parente bêbado. Foram cinco anos por lá e mais algumas vivências em outras empresas do setor. Foi na operadora de viagens de Stella que ele aprendeu os primeiros conceitos do mercado, cresceu na empresa e chegou a ter três empregos simultâneos para juntar dinheiro e se casar.

Em 1974, aos 23 anos de idade, Oliveira decide que não queria mais ser empregado e que abriria a sua própria empresa. Criou a EDO Representações, responsável pela venda de bilhetes aéreos de uma companhia paraguaia. Era o embrião do que viria a ser o Grupo Flytour, que hoje abriga cinco empresas, entre elas a Flytour Franchising, com 58 lojas. Emprega 1.350 funcionários e projeta um faturamento de R$ 1,6 bilhão em 2007. “Não sei se sou um vitorioso. Sei apenas que sou inquieto por natureza, tenho alma de vencedor”, diz Oliveira.

Com um discurso cheio de metáforas, Oliveira, 56 anos, conta como ergueu seu império. Eis algumas dicas:

  • Escola da rua – Ela não tem férias, nem boletim, mas nos ensina a enfrentar a dura realidade. Leva a pessoa a se aventurar, a descobrir o melhor, a errar e a responder pelo erro. Foi por ter vivido na rua, onde ninguém se preocupa com o seu futuro, que mandei meus filhos pequenos estudarem no exterior. Quanto mais cedo você os coloca no fogo cruzado, mais eles aprenderão. Quanto mais você os protege, mais eles sofrerão.

  • Persistência – O brasileiro costuma desistir de seus sonhos com muita facilidade. A competência só vem com a experiência e a disposição para assumir riscos. Vencer exige sacrifício, dedicação e certa dose de teimosia.

  • Resultados – São fundamentais, mas precisam ser preparados e orientados. Não basta matar um leão por dia para sobreviver no mercado. É preciso capacitar e treinar a equipe para ela chegar às metas propostas, satisfazendo as suas próprias expectativas e as do cliente. Isso só é possível quando se tem um bom líder.

  • Equipe – Um time se conquista com bons exemplos, investimento na formação das pessoas, muito treinamento e respeito. Quando o funcionário se sente valorizados, ele abraça o trabalho, faz suas tarefas com qualidades.

  • Metáforas – Devem fazer parte da vida e do ambiente empresarial. Na sede da Flytour, em Alphaville, construí um píer, que é nosso porto seguro e onde ancoramos nossas vitórias. O farol, no alto, é a nossa visão de futuro. Os peixes, de diversas cores e tamanhos, representam os clientes, enquanto o grande tubarão de boca aberta traduz o perigo de se instalar na zona de conforto, de acreditar que fazemos o melhor. Nossa filosofia é jamais dar o peixe e, sim, ensinar todos a pescar.

  • Empreendedor – Existem aos montes, daí o grande número de empresas que abrem e fecham rapidamente. O que falta a essas pessoas é saber vender o próprio negócio. Se elas vendem, elas sobrevivem. Não dá para criar uma empresa, sentar na cadeira e esperar o cliente chegar. É preciso ir para a rua. Em 2006, eu parei no escritório apenas 20 dias. Nos demais, vendi o meu próprio peixe, trabalhei em média 18 horas por dia. O verdadeiro empreendedor é um conquistador, é aquele que acredita no sonho e dá o sangue para que ele não seja destruído.

  • Tecnologia – Não se pode ter medo de usá-la. Sempre quis ser o primeiro a conhecer e a implantar as novidades para facilitar o dia a dia da empresa e alavancar os negócios.

  • Concorrência – É preciso respeitá-la e não baixar a guarda. Costumo dizer que o meu maior concorrente está dentro de casa. O que isso significa? Que se dei espaço ao outro para crescer é porque não fui eficiente.

  • Mais por menos – A venda de bilhetes aéreos responde por 64% do nosso negócio. Com a queda de 25% no preço das tarifas nos últimos três anos, nosso grande desafio é aumentar a produtividade. Quando as margens são baixas, a ordem e ganhar na escala.

  • Crise – Não tem momento melhor para se investir em estrutura e preparar as pessoas para quando o mercado voltar a reagir. É da crise que tiramos as melhores lições, até mesmo na vida pessoal.

  • Segredo do sucesso – Saber negociar, descobrir o melhor momento para ceder, ter confiança nos outros e buscar o respeito da equipe e dos clientes. Tudo é claro, com muita transparência.

TABELA 3: COMPARAÇÃO DOS PERFIS DOS EMPREENDEDORES PESQUISADOS

FONTE: Os autores

As características apresentadas na Tabela 3, foram de extrema importância para a construção do roteiro de entrevista que se encontra no Apêndice A.

A observação de tais características também contribui para a formação do conceito sobre empreendedor com perfil popular, bem como na análise e constatação do emprego das mesmas nas entrevistas concedidas aos autores por parte dos empreendedores locais abordados.

 CAPÍTULO II
METODOLOGIA

2.1 Tipo de pesquisa

A metodologia é entendida como uma disciplina que se relaciona com a epistemologia¹. Consiste em estudar e avaliar os vários métodos disponíveis, identificando suas limitações ou não em nível das implicações de suas utilizações. (BARROS, 2000, p.1)

Serão utilizadas no presente estudo dois tipos de pesquisa sendo a primeira uma pesquisa bibliográfica3 nas áreas de administração, empreendedorismo, revistas afins e biografias autorizadas e de um levantamento documental sobre o assunto, foram abordados quatro empreendedores de sucesso com perfil popular no Brasil.

O segundo tipo de pesquisa será a de campo, na qual serão apresentadas quatro entrevistas com empreendedores com perfil popular dentro do centro metropolitano de Goiânia, utilizando o método de análise qualitativo com pesquisa de campo e entrevistas gravadas, analisando os fatores de sucesso dos respectivos empreendimentos, mas também sua manutenção.

Uma pesquisa qualitativa evita números, lida com interpretações das realidades sociais, considerada pesquisa soft. O protótipo mais conhecido é provavelmente, a entrevista em profundidade. Seus dados são informados através de textos. (BAUER; GASKELL, 2002)

2.2 Unidade de análise

A unidade de análise da presente pesquisa são empresas com contextos de empreendedores. Serão selecionadas empresas na cidade de Goiânia – GO, cujos proprietários e fundadores têm histórias, mas também características semelhantes no que tange ao empreendedorismo popular. Para tanto, algumas categorias foram selecionadas no referencial teórico e serviram como base na escolha do perfil dos empreendedores. Sendo as mesmas descritas na tabela.

2.3 Sujeitos de pesquisa

São considerados sujeitos da pesquisa, quatro empreendedores com perfil popular, ou seja, que se enquadram no perfil citado acima. Utiliza-se como critério de seleção, o fato de serem empresas conhecidas no ambiente de negócios em Goiânia, pela facilidade de acesso aos empreendedores por parte dos autores, bem como pela história previamente conhecida de cada empreendedor.

2.4 Instrumentos de coletas de dados

O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista, realizada utilizando um roteiro semiestruturado feita pessoalmente pelos autores com o auxilio dos recursos de gravador e câmera de filmagem. As entrevistas ocorreram no período de 23 de abril à 13 de maio de 2010.

2.5 Metodologia de análise dos dados

Para analisar a presente pesquisa será utilizado o método de Análise de conteúdo. A análise de conteúdo é considerada uma técnica para o tratamento de dados que visa identificar o que se refere de determinado tema. (VERGARA, 2005)

Barros e Lehfeld (1996, p.70), advogam que a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das diferentes formas de comunicação, portanto, pode ser utilizada quando se quer ir além dos significados aparentes, da leitura simples do real, é atualmente utilizada para estudar e analisar material qualitativo, buscando-se melhor compreensão de uma comunicação ou discurso, de aprofundar suas características gramaticais às ideológicas e outras, além de extrair os aspectos mais relevantes a análise de conteúdo acende a possibilidade, sem excluir a informação estatística, muitas vezes de descobrir ideologias, tendências, além de outras categorias que caracterizam os fenômenos sociais que se analisam e, ao contrário da análise apenas do conteúdo manifesto, o método utilizado é dinâmico, estrutural e histórico.

De acordo com Trivinus (1987), são três as etapas básicas no processo de uso da análise de conteúdo: a pré-análise, a descrição analítica e a interpretação inferencial.

A pré-análise consiste na organização do material de pesquisa que foram separados entre administração, teorias administrativas e empreendedorismo, nesta fase também foram selecionadas as categorias de análise que origina o roteiro semiestruturado.

A descrição analítica constituiu das informações coletadas entre os empreendedores. E a Interpretação inferencial que consiste na análise feita pro meio do cruzamento entre teoria estudada, categorias selecionadas, informações coletadas e interpretação pessoal dos autores.

2.6 Campo de estudo

As pesquisas serão realizadas com os seguintes empreendedores:

  • Pesquisa I

Empreendedor: Sr. Célio Pinto Figueiredo, 54 anos, brasileiro, casado.

Empresa: Fibra Papéis Ltda, empresa fundada em março de 2000.

Localização: Rua 11 de Janeiro, 115 Vila Aurora

Fone: (62) 3576-4300

website: www.fibrapapeis.com.br .

Observação: A entrevista contou com a participação especial de seu filho Renato Machado Figueiredo.

Visão: “Buscar inovações no mercado nacional e internacional que melhorem a qualidade de nossos produtos ofertados, tornando-nos uma das mais conceituadas distribuidoras de papéis do Brasil.”

Missão: “Atender todas as expectativas de nossos clientes, oferecendo-lhes o melhor atendimento e as melhores marcas de papéis para impressões em geral.”

Valores: “Honestidade, transparência, ética, sabedoria e profissionalismo.”

  • Pesquisa II

Empreendedor: Sr. Roberto Moreira de Melo, 39 anos, brasileiro, casado

Empresa: Colégio Interativa Ltda, empresa fundada em 2000

Localização I: Rua 103 Unidade 103 S/N Parque Atheneu

Fone: (62) 3273-0040

Localização II: Av. Itaberaí Nr.108 Qd.08 Setor São Judas Tadeu

Fone: (62) 3205-4833

Web site: www.colegiointerativa.com.br

Missão: “Oferecer um ensino de qualidade, na educação básica buscando sempre a excelência e interatividade entre família e escola. Educar para a vida.”

Visão: “Ser reconhecido pela qualidade de ensino e busca constante para o aprimoramento do processo de excelência”

Valores: “Família, trabalho, honestidade, ética”

  • Pesquisa III

Empreendedor: Sr. Francisco Domingos Dantas, 54 anos, brasileiro, casado.

Empresa: Mastersom Som e Acessórios para Veículos Ltda, empresa fundada em 1993.

Localização I: Av. Pires Fernandes, 565 Setor Aeroporto.

Fone: (62) 3229-0870

Localização II: Avenida Castelo Branco, 246 Setor Oeste

Fone: (62) 3285-1660

Web site: www.mastersom-go.com.br

Missão: “Oferecer conforto, beleza, e segurança automotiva, com excelência e qualidade.”

Visão: “Ser reconhecida como a melhor e maior loja de acessórios automotivo de Goiás até 2012”

Valores: “Transparência, honestidade, trabalho sério e compromisso”

  • Pesquisa IV

Empreendedor: Sr. Robério Alves de Oliveira, 50 anos, brasileiro, casado.

Empresa: Star’s Chic, empresa fundada em 1986.

Localização I: Rua Quintino Bocaiúva, 715 - Campinas

Localização II: Avenida Anhanguera, 8364 - Campinas

Localização III: Avenida Anhanguera, 4803 - Centro

Localização IV: Avenida Goiás esquina com Rua 4 - Centro

Localização V: Avenida Goiás esquina com Avenida Paranaíba - Centro

Fone: (62) 3942-2860

Web site, missão, visão e valores não foram informados pelo proprietário.

CAPÍTULO III

DADOS E ANÁLISE DA PESQUISA

Neste capítulo, serão descritas as entrevistas realizadas com os empreendedores com perfil popular da região metropolitana de Goiânia, bem como serão analisadas e comparadas suas características empreendedoras com as apresentadas no tópico 1.3. Cases de empreendedores de sucesso com perfil popular. Realiza-se uma análise geral sobre o tema proposto. Demonstra-se também uma tabela de grande relevância, apontando na própria entrevista de cada empreendedor suas características empreendedoras. Ressalta-se o conceito de empreendedor com perfil popular criado pelos autores e finalmente, aponta-se as considerações finais deste trabalho.

3.1 Descrição da entrevista com o empreendedor Sr. Célio Pinto Figueiredo

Em entrevista concedida aos autores no dia 23 de abril de 2010, o Sr. Célio Pinto Figueiredo, Proprietário da Fibra Papéis Ltda, conta como foi difícil e árduo o caminho traçado rumo ao sucesso. 4º dos 5 filhos da Sra. Eunice Nolasco Guimarães, ele teve uma infância humilde e sofrida, vez que seu pai se divorciara de sua mãe quando ele ainda era uma criança de 3 anos. Em 1967, com apenas 9 anos de idade, começou a trabalhar no ramo gráfico. Cuidava da limpeza, fazia cafezinho, trabalhos simples para um jovem inexperiente. Após alguns anos nesse primeiro emprego, foi convidado a trabalhar em outra gráfica com um salário e posição melhor, pois agora contava com mais experiência.

Os anos foram passando e um dia Célio teve a coragem necessária para iniciar sua trajetória rumo ao sucesso e realização abrindo sua própria gráfica. Porém sua experiência administrativa não foi suficiente para manter seu sonho vivo. Mas como qualquer empreendedor de verdade, ele nunca desistiu de seu sonho, apenas o adiou alguns anos. Foi trabalhar então em uma empresa que comercializava papéis para as gráficas de Goiânia, a hoje extinta Texpel. O ramo papeleiro foi sua grande escola e o proprietário já falecido da Texpel foi um grande amigo e professor. O Sr. Célio sempre se espelhou no Sr. Manoel Fonseca, em quem buscou aprender tudo de bom que ele tinha para ensinar e observou também os erros cometidos pela sua má gestão, para não os cometer em sua futura empresa. O Sr. Célio sempre se destacou pelos serviços prestados à Texpel conquistou bons salários devido às suas vendas sendo sempre reconhecido por seus méritos, sempre chegava cedo ao trabalho, antes mesmo do patrão. Ele se tornou o responsável pela abertura da empresa. Entretanto nunca estava contente com o que ganhava, queria sempre vender mais, ganhar mais, realizar mais. 15 anos se passaram e a empresa faliu. Ele tinha um acerto salarial em torno de R$ 68.000,00 (sessenta e oito mil reais) para receber na época. O que nunca ocorreu.

Agora, desempregado, com família a sustentar, sem o devido acerto, Célio bate no peito e não aceita a derrota, não perde tempo reclamando ou brigando com a vida. Arregaça as mangas e finalmente dá um importante passo para a concretização de seu sonho. Abre um comércio de papéis em uma pequena sala de três metros quadrados, contendo um banheiro, uma mesa com telefone e uma pequena pilha de papéis a serem vendidos. O seu estoque foi adquirido com dinheiro levantado com um refinanciamento de seu automóvel. O Sr. Célio foi à concessionária onde adquirira seu automóvel e recebeu um cheque no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), o que foi suficiente apenas para adquirir a pequena pilha de papel. Como já tinha know-how e já era bem conhecido no ramo, procurou seus antigos clientes e começou seu negócio. De início um bom cliente se interessou em comprar todo o pequeno estoque que o Sr. Célio tinha. Mas ao contrário do que muitos fariam, recusou vender tudo para esse cliente. Ele acreditava que se vendesse todo o seu pequeno estoque, iria satisfazer apenas um cliente, mas seu intuito era satisfazer vários. Ele não queria dar tempo para seus antigos clientes procurar outro fornecedor. Dessa forma, ele procurou vender um pouco de papel para cada gráfica, atendendo assim sua carteira e firmando sua clientela que até hoje mantém negócios com sua empresa. Isso tudo se deu em março de 2000.

No início da Fibra Papéis, as dificuldades foram muitas. A credibilidade de uma empresa recém-nascida é muito pequena, não se consegue crédito para fomentar o negócio. Ele era conhecido em Goiânia, por seus clientes, mas não era conhecido pelos fornecedores que normalmente são de outros estados como: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, etc. Quando seu cadastro era aprovado, o limite concedido era muito pequeno. Por esse motivo, a empresa querendo atender a todos os clientes possíveis, inclusive segundo o Sr. Célio, “aqueles que nem merecem entrar em seu estabelecimento”, o que lhe aferiu muitos prejuízos por inadimplências. Célio tem por princípios morais e éticos que quando um problema acontece, não se deve passá-lo adiante. Ele deve acabar ali. Não é pelo motivo de inadimplência de seus clientes, que justificaria a inadimplência com seus fornecedores.

Transparência e honestidade são algumas das qualidades empreendedoras que ele apresenta sempre durante a entrevista. Célio pontua não somente o seu know-how como qualidade empreendedora necessária para a manutenção de um negócio, mas principalmente a vontade de vencer. Não se deve acomodar nunca. O seu relacionamento com os funcionários nunca foi uma relação de patrão/funcionário. Sempre primou pelos valores familiares e os manteve em sua empresa, sempre respeitando uma hierarquia. Se uma pessoa comum deseja empreender seu próprio negócio, Célio acredita que algumas dicas deveriam ser levadas em consideração. São elas: “1) Vontade de vencer. De nada adianta você abrir um negócio de qualquer que seja o tamanho da empresa, sem a devida vontade de vencer. Seu negócio perecerá em pouco tempo; 2) Não contentar-se com o que tem. Se uma pessoa não tem mais pretensões na vida, para que viver?; 3) Ter objetivos. Se você não sabe aonde quer chegar, provavelmente não chegará a lugar nenhum; 4) Não acomodar nunca. Quanto mais clientes você tem, mais clientes você deve querer. Quanto mais você ganha, mais você deve querer ganhar.”

Célio conta em sua equipe administrativa com uma grande e importante figura. Seu filho Renato Machado Figueiredo. Em 2000, quando seu pai acabara de abrir seu negócio, Renato tinha terminado o Ensino Médio. Suas pretensões acadêmicas eram cursos como: Medicina, Fisioterapia, algo na área de Biológicas. Prestara alguns vestibulares, mas não passara em nenhum. Um dia Renato, observando o pai lutando arduamente para firmar o seu negócio, percebe a grande oportunidade que estava ali tão próximo. Optara por prestar vestibular dessa vez em Administração. Passou. Ingressa na faculdade em 2001 e começa a trabalhar com o pai. Colocando algumas ferramentas administrativas que aprendera na faculdade em prática, Renato auxiliou e continua auxiliando seu pai no crescimento contínuo da Fibra Papéis.

Hoje contando com um prédio próprio, um estoque muito além do de quando começara, uma carteira estável de bons clientes, adquirindo insumos não só de outros estados, mas também importando de vários países como Austrália, China, Índia e principalmente da Indonésia, o Sr. Célio e o Sr. Renato Figueiredo trilham o caminho do tão sonhado sucesso. Colhem os frutos de suas atitudes empreendedoras. Buscam não somente manter seu sucesso, mas permanecer sempre crescendo e ampliando seu negócio. Esse empreendedor faz questão de mencionar outra grande e importante figura que o apoiou e ajudou na realização e concretização da Fibra Papéis, sua esposa, a Sra. Divani Machado Figueiredo. Mulher guerreira que batalhou ao seu lado sem medir esforços desde o início até os dias atuais.

3.2 Descrição da entrevista com o empreendedor Sr. Roberto Moreira Melo

Em 26 de abril de 2010, Sr. Roberto Moreira Melo, proprietário do Colégio Interativa Ltda, compartilha sua história de sucesso alcançado com muito suor, luta e vitórias.

Natural de Inhumas – Goiás, onde viveu até os 07 anos de idade. Aos 08 perde seu pai. Pertencente a uma família humilde e trabalhadora inicia sua vida profissional aos 14 anos de idade trabalhando nas Casas Mesquita como auxiliar de limpeza. Aos 16 anos, através de seu irmão, começa a trabalhar no Banco Bradesco no cargo de escriturário. Foi um grande salto para ele, pois de um salário mínimo passou a ganhar três salários mínimos. O Bradesco foi uma grande escola para o Sr. Roberto. O ambiente de trabalho não tinha comparação com o anterior. Seus colegas de trabalho eram pessoas cultas e estudiosas, o que acabou por incentivar o Sr. Roberto a buscar os estudos para ter mais oportunidades em sua vida. Ele vislumbrava um futuro muito melhor, mais ainda assim, não era o que ele realmente desejava. Como ele trabalhava diretamente com os correntistas, o Sr. Roberto observava pessoas assinando cheques de altos valores e isso o incentivava a sonhar acordado com um futuro parecido. Diz ele: “Se eles podem assinar cheques tão altos, eu também poderei...”. O Sr. Roberto nunca teve dúvidas que seria capaz de vencer na vida. Era tamanho o seu desejo de vitória que ele não acreditava no contrário. Aos 18 anos de idade, ele ganhara sua primeira promoção passando assim a desempenha a função de chefe de seção, foi transferido de agência, e percebeu um aumento em sua remuneração mensal. Ele sempre foi muito disciplinado quanto a finanças. Desde seu primeiro emprego só gastava metade do seu salário. A outra metade ele poupava sonhando em um dia abrir seu próprio negócio.

Três anos depois de seu início no Banco Bradesco, pede demissão e juntamente com seu irmão e cunhado abrem um pequeno supermercado no Parque Atheneu. Esse foi o primeiro passo para o surgimento de um grande empreendedor que estaria por vir. Isso aconteceu em 1990. Os três sócios se empenharam na construção do pequeno prédio onde viria a ser o Supermercado América trabalhando até mesmo como servente de pedreiro para diminuir os custos com a obra. Em 1992, após seu casamento, Roberto percebe que a sociedade não lhe fazia bem. Seu irmão e seu cunhado não compartilhavam o seu pensamento empreendedor. Ele não estava feliz com seu primeiro empreendimento. Então ele decide vender sua parte da sociedade e com o pouco dinheiro que conseguira, muda-se com a esposa para um bairro pequeno em Aparecida de Goiânia e abre uma casa de carnes. Seus recursos financeiros eram poucos. Ele comprou uma pequena sala comercial onde trabalhava e vivia sem capital de giro. A concorrência era grande e desleal.

O Sr. Roberto sempre primou pela honestidade. Como ele havia completado apenas o ensino médio, não tinha conhecimentos suficientes para elaborar um plano de negócios, fazer uma pesquisa de mercado, analisar os pontos fortes, os pontos fracos, a oportunidade e as ameaças do novo empreendimento. As dificuldades eram muitas. Seu negócio não ia tão bem e não tinha funcionários, assim ele mesmo fazia tudo dentro do açougue. Como bom empreendedor, o Sr. Roberto buscou formas diferentes para manter seu comércio. Começou então a participar de licitações públicas fornecendo carne para merenda escolar. Por esse motivo, ele conseguiu sobreviver por quatro anos. Não estava feliz com seu empreendimento. Seu sonho era construir um patrimônio tijolo por tijolo, até um dia formar um esplendoroso castelo. Em 1999 surgiu a oportunidade de voltar ao Parque Atheneu, mas dessa vez através de uma pequena escola com quase noventa alunos. A Escola Interativa acaba de surgir. No início a escola era constituída por dois lotes, hoje já são sete. Já no início da escola percebeu que todo conhecimento que ele tinha não eram suficientes para o emprego de suas qualidades administrativas. Sua preocupação principal era seus clientes. Ele agora vendia conhecimento, educação. Mas qual era o seu conhecimento? Qual era o nível de sua educação? Qual era o seu currículo? Analisando sua situação ele decide então prestar vestibular e cursar Administração de Empresas pela Universidade Salgado de Oliveira – Universo. Na faculdade, o Sr. Roberto percebe que tudo que realmente lhe faltava, agora estava sendo acrescentado. A experiência acadêmica foi e é de grande importância para seu sucesso. Ele aprendeu a gerir melhor sua empresa. Assim sua experiência de vida somada a sua experiência acadêmica o ajudou a chegar ao lugar onde se encontra. Auxiliou a realizar seus sonhos, concretizou o seu sucesso, aprimorou suas características empreendedoras.

Mesmo tendo alcançado o sucesso, O empreendedor não se satisfaz, quer muito mais, pois não quer possuir apenas uma grande escola, seu desejo agora é ter uma rede de colégios. A Escola Interativa cresce e se torna o Colégio Interativa. Ele adquire outra escola mediana no Setor São Judas Tadeu e a transforma na unidade dois do Colégio Interativa. Planejando sempre suas ações e mantendo os pés no chão, O Sr. Roberto está percorrendo o caminho correto para solidificar sua rede de colégios. Hoje, sua empresa conta com oitocentos alunos na unidade I – Parque Atheneu e trezentos e cinquenta alunos na unidade II – São Judas Tadeu. Aponta o “prestígio” sendo a maior dificuldade que encontrou no início do seu empreendimento atual. Os pais dos alunos que frequentam colégios particulares não costumam confiar em pessoas desconhecidas para educar seus filhos. Roberto contrata uma coordenadora de prestígio para sanar a deficiência na área educacional. Colégios particulares somente alcançam sucesso se por trás da administração encontrar um nome conhecido.

Os escassos recursos financeiros também foi um ponto de grande dificuldade para o crescimento da empresa. Antes do sucesso, O Sr. Roberto via muito a questão física de seu empreendimento, hoje ele acredita muito mais em pessoas, relacionamentos, seja com funcionários, seja com pais e alunos. Atualmente o Sr. Roberto percebe que precisa entender mais sobre psicologia e filosofia do que com cálculos matemáticos. Ele aponta algumas características indispensáveis para uma pessoa simples alcançar o sucesso como empreendedor, são elas: “1) Mente aberta. Tudo é mutável. A empresa muda, os comportamentos mudam, as pessoas mudam. É inadmissível um empreendedor rígido, inflexível, mente fechada. 2) Humildade. Não devemos nunca acreditar que somos os melhores. A humildade cabe em qualquer lugar. 3) Honestidade. No segmento de ensino não existe lugar para pessoas desonestas. 4) Persistência. Não podemos desistir no meio do caminho somente porque encontramos uma grande pedra atrapalhando a passagem.” Afinal de contas, quando ele tinha uma casa de carnes, ele era seu único patrão. Hoje, O Sr. Roberto tem mais de mil patrões.

Ele é muito preocupado com sua saúde, acredita que de nada vale ter uma grande empresa sem saúde para administrá-la.

Em relação aos concorrentes, o Colégio Interativa destaca-se pelo excelente software desenvolvido, que permite uma interatividade entre pais, alunos, professores e colégio. Esse é um importante ponto inovador.

3.3 Descrição da entrevista com o empreendedor Sr. Francisco Domingos Dantas

Aos 03 de maio de 2010, o Sr. Francisco Domingos Dantas, proprietário da Mastersom Ltda, concede entrevista exclusiva aos autores deste trabalho de conclusão de curso, narrando sua difícil e honrada batalha rumo ao sucesso profissional e pessoal.

Foi com muita alegria e satisfação que o Sr. Francisco nos contou sua história. Nasceu em Nova Palmeiras, uma pequena cidade da Paraíba, que contava na época com menos de 300 casas. Em 1968, Seráfico Domingos Dantas e Alice Emília Dantas decidem aceitar dinheiro emprestado do Sr, Sebastião Dantas, irmão do Sr. Seráfico, para junto com seus 8 filhos virem para Goiás. Durante dois anos, eles viveram em uma fazenda trabalhando arduamente para sua sobrevivência. Em 1970, aos 14 anos de idade, o Sr. Francisco e sua família mudaram para Goiânia. Ele era o segundo filho do casal, por ser um dos mais velhos, aceitou a responsabilidade de ajudar os pais na criação e sustento da família. Começou a trabalhar com o tio aos domingos em uma barraca de feira livre vendendo calçados.

Com o passar do tempo, o Sr. Sebastião decide abrir uma pequena loja de calçados e convida Francisco para ser o seu braço direito. Ele tinha prazer em trabalhar com o comércio, com muita humildade, simplicidade ele cativava seus clientes, além de efetivar suas vendas. Na época tinha pouco mais de 16 anos de idade e ainda não era alfabetizado. Não sabia ler nem escrever nada. E mesmo assim, o Sr. Francisco desempenhava muito bem a sua função. Já em 1975, com quase 18 anos, o Sr. Francisco entra para Serviço Militar obrigatório e se apresenta ao Exército brasileiro na cidade de Cristalina, Goiás. Após ter cumprido o tempo de serviço ele retorna à Goiânia trazendo consigo um diploma de Honra ao Mérito. Voltando à Goiânia ele vai morar na casa do tio Sebastião, que o convida para trabalhar com ele em outro segmento. Agora o Sr. Sebastião possuía uma floricultura na Avenida Anhanguera próximo ao Dergo. O Sr. Francisco gostava muito do seu trabalho e agora conciliando trabalho e estudos começa a querer mais. Seu desejo na época era continuar trabalhando com comércio, mas dentro de uma sala com ar-condicionado e bem montada. Para alcançar esse sonho, o Sr. Francisco matricula-se em um curso de auxiliar de escritório.

Fora indicado por um amigo a fazer um teste em uma empresa chamada Casa Grande e saíra-se muito bem. Mas o proprietário disse-lhe que infelizmente, apesar das suas excelentes qualificações, sua intenção era de contratar uma mulher para o cargo, mas de qualquer forma, o proprietário o indicaria a um amigo dono de uma loja de automóveis que precisava de um vendedor. Ele foi até a loja de automóveis e conversou com o gerente administrativo, explicou que não tinha experiência na área de vendas, mas estava disposto a trabalhar durante três meses de graça. O gerente gostou muito dele e o contratou de imediato.

Naquela época o Sr. Francisco possuía apenas uma bicicleta velha sem paralamas. Continuava sendo uma pessoa muito simples. Depois de uma hora de trabalho, eis que chega uma pessoa na loja e o Sr. Francisco dispõe-se a atendê-lo. A pessoa que adentrara a loja era o Sr. Carlos Eduardo Rezende, o proprietário da loja. Ao se cumprimentarem, o Sr. Carlos coloca a mão por sobre o ombro do Sr. Francisco e pergunta-lhe: “O que você está fazendo aqui, meu jovem?” e o Sr. Francisco responde: “Trabalhando, em que posso ajudá-lo?” e o proprietário o convida ao escritório. Chegando lá o proprietário entrega-lhe uma ficha para ser preenchida e pede para que o Sr. Francisco a entregue assim que for chamado. Alguns minutos se passaram sem o esperado chamado quando ele decide voltar ao trabalho, em vez de continuar esperando na ante-sala do proprietário. Alguns meses depois, o Sr. Francisco ficou sabendo pelo gerente da loja, que naquele dia mesmo o Sr. Carlos já havia dado ordens para o gerente dispensar o Sr. Francisco, pois era muito humilde para trabalhar como vendedor de automóveis. Mas o gerente não aceitou a ordem alegando que percebera que ele era um rapaz trabalhador, esforçado e que principalmente queria muito trabalhar.

No primeiro mês de trabalho, o Sr. Francisco recebera pouco mais de um salário e meio. Cinco meses depois, o Sr. Carlos elogiara os serviços prestados por ele. Após o sexto mês de trabalho, o jovem vendia mais que os outros quatro vendedores somados. Mais alguns meses e o Sr. Francisco fora promovido a gerente de seção. Outras empresas ofereceram emprego ao Sr, Francisco, mas o mesmo não as aceitara. Até que um dia, outro empresário ofereceu o dobro do que ele ganhava no momento. Assim o Sr. Francisco foi melhorando sua condição financeira. Ele conseguiu adquirir uma motocicleta Yamaha velha, depois comprou um fusca que ele apelidou de Stonewash. E de emprego em emprego, foi trabalhar em uma concessionária Mitsubishi como gerente de acessórios. Um dia ele preparou uma excelente promoção para a loja. Com a aprovação de seu superior, ele cuidou de todos os detalhes para a implantação da promoção de vendas, quando tudo já estava pronto para o início de sua promoção de vendas, o proprietário voltara atrás em sua decisão e cancelara a promoção. Para o Sr. Francisco aquilo foi um absurdo. Ele já tinha preparado tudo com muito carinho. Tinha certeza que a promoção seria um sucesso. Sua decepção foi tanta, que ele decidiu abrir seu próprio negócio. Já havia recebido várias proposta de sociedade, mas nunca as aceitara. Mas agora, aos 37 anos de idade, com uma pequena economia de treze  mil dólares, saiu em busca de um sócio para formalizar seu sonho de possuir o próprio negócio e não depender mais de outras pessoas para desempenhar ainda melhor sua função.

Em conversa com sua esposa, ele demonstra sua força de vontade e fé na vitória dizendo que “agora é tudo ou nada”, juntou todo dinheiro que podia (cerca de treze mil dólares), buscou um sócio e aos 37 anos de idade, abriu a Mastersom. Durante os anos de 1977 a 1993, foram vários empregos, em várias empresas, mas ele nunca cometeu uma falta sequer. Até mesmo no dia em que sua filha nasceu, ele deixou a esposa na maternidade e foi para o trabalho. Cultivava o hábito de ser sempre o primeiro a chegar e o último a sair. Cuidava das empresas por que passou como se sua fosse. Sempre admirado e respeitado por seus colegas e patrões.

Agora vivendo outro momento de sua vida, o Sr. Francisco começa a colher o fruto de seus sacrifícios e suor. Mastersom, empresa do segmento de acessórios para automóveis, além de fabricar bancos e forros para assoalho em couro, atende com excelência seus clientes. Mantém parcerias com várias concessionárias de Goiânia e outros importantes clientes. Conquistou lugar na mente do povo goianiense. Possui duas lojas, uma sendo estabelecida em sede própria. Baseado em transparência, honestidade, respeito e muita dedicação, o Sr. Francisco conquista posição de destaque no mercado goiano. Para uma pessoa simples como ele alcançar o sucesso, é necessário além das virtudes apresentadas anteriormente, a pessoa tem de ter uma boa rede de relacionamentos. Know how é muito importante, mas não suficiente. Ele afirma também que é de extrema importância valorizar os colaboradores de confiança. O maior problema que enfrenta é a falta de capacitação profissional. Por esse motivo ele acredita que compensa remunerar melhor aqueles que são pessoas chave para o bom funcionamento de sua empresa. Sendo hoje o proprietário e não mais um funcionário, tendo uma renda muito maior e administrando melhor o seu tempo e suas finanças. Atualmente sente a necessidade, mas também oportunidade para voltar a estudar (Já que havia parado há alguns anos para dedicar-se melhor a sua esposa e filhos), presta vestibular na Faculdade Cambury em 2008 e cursa Gestão Executiva de Negócios. Esse empreendedor acreditava que pouco seria acrescentado em sua vida com o ingresso à faculdade. Engano. Hoje ele é imensamente grato a oportunidade apresentada de cursar o Ensino Superior. Afirma que sua mente abriu, seus negócios cresceram, ficou muito mais fácil administrar, pois seus conhecimentos expandiram, seu círculo de relacionamentos ampliou, sua vida melhorou. Consequentemente, a prosperidade faz parte de sua empresa e sua vida. As ferramentas administrativas aprendidas na faculdade são colocadas em prática em sua empresa o que aumenta as chances de qualquer empresa prosperar e crescer. Verdadeiro exemplo de honestidade e trabalho árduo, o Sr. Francisco enfim conquista o tão sonhado e cobiçado sucesso.

3.4 Descrição da entrevista com o empreendedor Sr. Robério Alves de Oliveira

Em entrevista concedida aos autores às 09h30min do dia 13 de maio de 2010, o Sr. Robério Alves de Oliveira, proprietário da rede de lojas Star’s Chic, confidenciou sua história de luta rumo ao sucesso, suas dificuldades, seu exílio para autoconhecimento e finalmente o alcance do tão almejado sucesso.

Açaré, município situado no Estado do Ceará. Berço de Patativa do Açaré, poeta cearense imortalizado por suas canções interpretadas por Luiz Gonzaga. Motivo único de orgulho de um povo sofrido e humilde. Em Açaré, existia um pequeno povoado por nome de Aratama, onde mais tarde, precisamente em 1960, nascia Robério Alves de Oliveira. Membro de uma família muito humilde e simples da região. Ele sentiu na pele o que era viver no sertão cearense, sol de rachar, calor intenso, plantas secas e animais magros, era esse o cenário de sua infância. Vida sofrida em um tempo difícil. Roupas, calçados, brinquedos, alimentação digna, educação, saúde eram privilégios a poucos.

Aos nove anos de idade, Robério e sua família rumaram a Mato Grosso, fugindo da seca em um pau-de-arara. Algo incomodava-o quanto sua permanência em Mato Grosso, pois ele sempre pensava com muito carinho em mudar-se para Goiás, esse era seu sonho. Aos treze anos de idade Robério decide correr em busca de seu primeiro sonho. Em 1973, ele desembarca na antiga rodoviária de Goiânia, onde hoje está localizado o Agrupamento do Corpo de Bombeiros de Goiânia. Carregando uma pequena mala e um velho chapéu na cabeça, inspira os ares goianos e pensa: “É aqui que eu vou criar minha raiz. É aqui que eu vou arrumar minha vida.” Após ter encontrado um modesto lugar para viver, ele procurou emprego e foi trabalhar em uma metalúrgica. Aquilo era provisório vez que Robério sempre acreditou ter nascido para o comércio.

Poucos anos se passaram e ele se torna camelô. No início de sua carreira no comércio goiano, vendia laranjas. Começou seu negócio comprando um saco de laranja e vendendo na rua. Vendeu tudo e depois comprou mais um saco e meio, e assim foi crescendo. Descobriu que era muito bom vender laranjas na porta do Estádio Olímpico em dias de jogos. Um dia ele percebeu que vender bijuterias e bolsas era mais lucrativo e menos trabalhoso, esses produtos não apodreciam ou estragavam. Mais alguns anos se passaram.

Os ganhos eram muito bons para a época. Mas Robério queria mais. Foi aí que ele teve a ideia de abrir sua primeira Star’s Chic. A princípio a loja venderia bolsas, mas novamente ele teve uma visão de futuro e notou que o mercado tinha uma grande carência de uma loja que atendesse o povo. Uma loja simples como ele que atenderia pessoas simples como ele, que apoiaria aos anseios do povo, que vendesse produtos simples e baratos, ou seja, uma loja honesta e transparente como ele. Em 1986 nasce as Lojas Star’s Chic. Entre os anos de 1986 e 1990 a Star’s Chic alcançou sucesso que grandes empresas do ramo de calçados sonhava alcançar, mas ainda viviam apenas o sonho. Começava então a desfrutar do tão almejado desejo de vencer. Aquela vida sofrida tinha ficado no esquecimento. O momento agora era de alegria e realização. Em poucos anos ele ganhara dinheiro suficiente para a realização de qualquer sonho. Alguns ele realizou. Outros ele adiou. Adiou porque ele entrara em um processo de enriquecimento tão rápido que suas origens e sua falta de conhecimento não permitiram que ele soubesse gastar o quanto ganhava. Na verdade Robério passou a gastar muito mais do que realmente ganhava. Suas dívidas foram crescendo. Suas empresas não eram tão saudáveis mais. O que ainda mantinha sua empresa viva e faturando, eram os comerciais vinculados a rede de massa, não deixando seu nome cair no esquecimento do povo ou ainda mesmo, abrindo um processo de falência. Percebendo todos esses problemas, Robério decide parar e fazer uma grande e necessária auto-análise. Ele não se dá por vencido. Ao contrário. Ele busca em todos os lugares possíveis, conhecimento para melhor gerenciar suas empresas. Frequentar uma faculdade estava fora de questão, já que o tempo não era hábil. Ele precisava resolver seus problemas o quanto antes. Como bom observador que ele sempre foi, começa a analisar o que fazia de certo e o que fazia de errado, tanto na sua vida como empresário, quanto em sua vida pessoal.

Ele buscou na literatura fundamentos que poderiam auxiliá-lo na retomada do sucesso. Robério engordou muito nessa época. Passou dos 100 quilos. Não tinha disciplina alimentar ou física. Ele deu um basta. Decidiu que iria emagrecer e começou a sonhar com seu emagrecimento. Fez um downsizing em sua empresa e começou a sonhar com o sucesso da única loja que lhe restara aberta. Modificou, melhorou, modernizou, inovou sua loja, aprendeu a controlar melhor suas finanças, passou a gastar menos do que ganhava e assim voltou a crescer. Foi abrindo outra loja, outra loja, outra loja.

Hoje conta com cinco lojas muito bem administradas e saudáveis. Volta à mídia com seus comerciais engraçados e infantis. Sempre deixou bem claro que o foco de sua loja são as crianças. Proprietário da produtora que faz seus comerciais, ele dirige, coordena e atua, assim gasta muito menos do que se comprasse um comercial de televisão, compra apenas o horário de exibição de seu comercial.

Robério controla todas as suas cinco lojas em um monitor na sua mesa. Com condições de possuir um escritório muito bem montado para gerenciar suas lojas, mas ele prefere uma mesa simples ao lado do caixa de sua loja situada na Rua Quintino Bocaiúva no Bairro Campinas, onde ele pode ser visto por seus clientes e de onde controla também uma rádio via internet que faz o som ambiente, os comerciais, o anúncio das ofertas e as chamadas engraçadas que tanto agrada as crianças e porque não dizer também os adultos. Através de um sistema de câmeras de segurança implantado em todas as suas lojas, ele conversa ao vivo com seus clientes, ofertando produtos que os mesmo estão olhando e analisando. A estrutura organizacional de suas empresas também é fator de admiração. Cada loja conta apenas com uma pessoa responsável pelo caixa e outra responsável pelo estoque. Entre uma música e outra, ele sempre explica aos seus clientes (imitando a voz do Lombardi) que não existem vendedores em suas lojas, portanto o seu cliente pode ficar a vontade e experimentar o produto, se gostar é só levar o produto ao caixa e pagar.

Robério deixa uma importante mensagem a aqueles que assim como ele, vieram de uma família humilde, simples e querem alcançar o sucesso: “que antes de qualquer coisa, sonhem. O sonho nos ajuda a estabelecer metas, alcançando assim o objetivo almejado, para alcançar o sucesso é necessário também manter os pés no chão, planejando sempre”. Na verdade o que ele quis dizer em outras palavras é manter um PDCA contínuo.

3.5 Análise Geral

Através de pesquisas bibliográficas, estudos de cases com personalidades de origem popular e coleta de dados com quatro empreendedores no centro metropolitano de Goiânia, foram cruzados os dados, consequentemente levantada, bem como associada as características comuns aos empreendedores com perfil popular que alcançaram o sucesso, conforme apresentação na figura 5.

Dentre várias características próprias de empreendedores, de uma forma geral, destaca-se uma em especial para a classificação de empreendedor com perfil popular. Ter origem popular, ou seja, ser do povo, da maioria dos brasileiros, pessoas que não tiveram oportunidades de cursar uma faculdade, bem como não puderam dispensar tempo em busca de conhecimento epistemológico, ou mesmo foram bem instruídos sobre o que se refere ao sucesso profissional. Principalmente, pessoas que mudaram a realidade social conquistando sonhos e realizações através de primeiramente seu desejo de vitória, consequentemente, de seu suor, trabalho árduo, compromisso e envolvimento entre outras.

Outro fato analisado que merece notoriedade, consiste na busca de conhecimento para manutenção do sucesso. Dentre os cases apresentados percebe-se que os empreendedores buscaram conhecimentos de formas diferentes. No case do Sr. Célio Pinto Figueiredo, a busca de conhecimento partiu de seu filho Renato Machado Figueiredo que o auxilia muito na administração e crescimento da Fibra Papéis. No case do Sr. Roberto Moreira Melo, nota-se que ele próprio buscou conhecimento, frequentou uma faculdade e graduou-se em administração de empresas. O mesmo acontece no case do Sr. Francisco Domingos Dantas que se difere dos demais, pois no início de sua carreira profissional não sabia ler ou escrever. Hoje frequenta uma faculdade em busca de conhecimento. Já o case do Sr. Robério Alves de Oliveira tem um fato diferente dos outros, por ter sido mais incisivo na busca do conhecimento. Como não teria tempo para frequentar uma faculdade ele buscou exílio para fazer uma introspecção, analisar sua situação, mas também encontrar a melhor solução para seus problemas, assim o fez buscando conhecimentos literários comparando-os com suas observações durante toda sua vida.

Dessa forma, pode-se afirmar que para um empreendimento crescer e ampliar, para atender mais e melhor, para ganhar mais dinheiro e viver melhor, além de características empreendedoras, é necessário buscar conhecimentos, como também novas tecnologias, inovar sempre, pois mercado não para de evoluir, além disso os consumidores estão cada vez mais exigentes. “Inovação é o ar que alimenta uma empresa”.

No mundo animal, quando um leopardo acorda, ele já sabe que deve estar pronto a qualquer oportunidade de caça e principalmente preparado para abater sua presa quando encontrada. Por outro lado, uma gazela quando acorda, sabe que tem que estar preparada para fugir de seu predador e permanecer viva. Já o mundo empresarial não é muito diferente. Utiliza-se metáforas para esclarecer: pode-se considerar o leopardo sendo uma empresa concorrente e a gazela ser a sua empresa, como também considerar o leopardo sendo a empresa e a gazela sendo o cliente. De uma forma ou outra, todos estão buscando sobrevivência. Por isso compreende-se que o mercado é uma verdadeira floresta onde apenas os bons sobrevivem.

TABELA 4: CARACTERÍSTICAS COMUNS AOS EMPREENDEDORES COM PERFIL POPULAR:


FONTE: Os autores

3.6 Conceituando empreendedor com perfil popular

Baseado na fundamentação teórica desse trabalho, nas pesquisas realizadas com os empreendedores de sucesso citados nos cases apresentados no tópico 1.3., bem como nas entrevistas concedidas aos autores pelos empreendedores locais abordados, conceitua-se que empreendedor com perfil popular é:

Pessoa que se encontra nas mesmas condições da maioria da população brasileira, sejam psicológica, econômica, social, política ou educacional, mas por uma razão especial, despertou suas características empreendedoras e alcançou o sucesso profissional sem o respaldo ou apoio de estudos específicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ressalta-se a questão: quem precisa freqüentar longos anos de faculdade, cursos de especializações, treinamentos, programas de aperfeiçoamento, entre outros para alcançar o sucesso?

As pesquisas realizadas, os cases apresentados, as entrevistas concedidas, demonstraram que nenhum dos requisitos acima mencionados são, em vias de regra, essenciais para uma pessoa simples alcançar o sucesso. Pois as características necessárias de maior relevância para tal, são as de cunho particular, por isso diferente em cada indivíduo e a cada situação. Dessa forma destaca-se por exemplo: que os profissionais que dedicam maior consideração, preocupação, mas também desempenho para com as empresas que trabalham, são comumente melhor remunerados e reconhecidos por seus méritos. Dessa forma a honestidade e transparência são essenciais para se destacar em um segmento, seja como colaborador ou como empreendedor. As dicas apresentadas pelos entrevistados locais foram fundamentais para verificação, bem como definição de algumas características empreendedoras necessárias para o enquadramento de uma pessoa no que se refere à empreendedor com perfil popular.

As características tanto para reconhecimento do empreendedor, quanto para o empreendedor com perfil popular, são praticamente as mesmas, com uma única exceção, a origem popular. Um empreendedor que desenvolve suas habilidades em uma Universidade ou faculdade, que cria sua empresa dentro de uma ”incubadora de empresas”, ou mesmo que herda uma empresa e apenas continua o trabalho já reconhecido por seus ancestrais, não se encaixa no perfil de um empreendedor popular. Empreendedores com perfil popular merecem maior notoriedade devido a grande dificuldade no alcance do sucesso, pois percorrem um caminho mais estreito e com maiores obstáculos, entretanto evidencia-se de uma forma mais ampla, como também honrosa sua vitória. E principalmente, por não se deixarem abater por tamanhas dificuldades.

Destaca-se nesse trabalho, as respostas das perguntas seqüentes à pergunta problema, que de certa forma também foram respondidas pelos entrevistados, ou seja, um grande fator da manutenção do sucesso, de como fazer o empreendimento crescer, de como atender mais e melhor, de como ganhar mais dinheiro e consequentemente viver melhor é a busca por conhecimentos. Alguns buscaram na faculdade ferramentas administrativas que o auxiliaram a crescer, outros investiram em seus filhos para tal responsabilidade, outros ainda, preferiram um exílio para ter consigo um momento de auto-conhecimento, para assim encontrar a melhor forma para administrar seu negócio. Seja qual for o método encontrado pelo empreendedor, todos concordam que necessita-se reciclar sempre, obter informação, buscar novas tecnologias, ser diferente, ser inovador.

Esse trabalho não tem o intuito de apenas a aprovação por parte dos autores para o curso de Gestão Executiva de Negócios. Sua função, mas também utilidade são muito maiores e amplas, pois ele servirá como base de estudos para a produção de um livro que o acadêmico Anderson Charles Andrade lançará nos próximos meses. Esse trabalho também contribuirá para popularizar o conceito de empreendedorismo e o empenho dos empreendedores para alcançar o tão sonhado sucesso. Tem-se a meta de corroborar com aqueles que desejam o sucesso, mas não encontraram forças ou oportunidades para realizar o seu sonho. Vários serão os projetos e estudos realizados com base nesse trabalho acadêmico. Sabe-se das dificuldades para abrir e manter uma empresa, por ser assim ressalta-se que:

Anualmente, cerca de um milhão de pessoas abrem uma pequena empresa nos Estado Unidos. Infelizmente, pelo menos quarenta por cento dessas empresas não dão certo no primeiro ano. Oitenta por cento delas estarão fora do mercado em cinco anos e noventa e seis por cento terão fechado as portas antes de 10 anos. (BLANCHARD; HUTSON; WILLIS, 2008, p.13)

Dessa forma, muitos afirmam que essa é uma realidade brasileira, porém torna-se um problema mundial. Apenas uma pequena diferença percentual difere um país de outro. Essa evidente realidade é apontada nesse trabalho, por esse motivo, que o mesmo servirá também para a mudança dessa taxa percentual. Orientando e auxiliando os futuros empreendedores com perfil popular a mudar essa realidade no Brasil.

REFERÊNCIAS

AWAD, Elias. Samuel Klein e Casas Bahia – Uma trajetória de sucesso. 3. ed. Osasco: Novo Século Editora, 2007.

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APÊNDICE

APÊNDICE A - Roteiro para Entrevista

1) Qual é a sua origem? Dados familiares e infância.

2) Quando foi o início de seu negócio?

3) Como foi o início e qual foi o motivo que levou você começar o seu negócio? Conte-nos sua história.

4) Qual ou quais foram as dificuldades encontradas no início de seu negócio?

5) Você acredita que o seu know-how foi suficiente para alcançar o sucesso ou você buscou aprimorar seus conhecimentos em algum lugar?

6) Onde você acredita que começou o seu sucesso, qual foi o fato que ocorreu e mudou os rumos do seu empreendimento?

7) Quais são as diferenças que você pode apontar entre o fulano antes e depois do sucesso?

8) Quais qualidades você definiria sendo essenciais para uma pessoa comum alcançar o sucesso?

9) Quais são os seus planos para o futuro?

10)Você administra sozinho o seu negócio ou você tem uma equipe que o auxilia?

11)Qual é a missão de sua empresa?

12)Qual é a visão de sua empresa?

13)O que você analisa como sendo seu ponto forte em relação à concorrência?

14)O que você analisa como sendo seu ponto fraco em relação à concorrência?

15)O que acredita que possa fazer para inovar em seu negócio?

ANEXOS

Goiânia, 03 de Maio de 2010

À

Lojas Star’s Chic

At. Sr Robério Alves de Oliveira


Publicado por: Anderson Charles Andrade

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